sábado, 27 de fevereiro de 2010

Iceberg se desprende de geleira na Antártica

O pedaço de gelo é quase do tamanho de metade da área do Distrito Federal.


           Um pedaço de gelo gigantesco, quase do tamanho de metade da área do Distrito Federal, se desprendeu de uma geleira, na Antártica, depois de se chocar com outro iceberg.

            Cientistas da Autrália afirmam que foi a primeira vez, em mais 50 anos, que um iceberg se desprendeu dessa geleira, chamada de Mertz. Eles dizem que as correntes marítimas do planeta poderão ser afetadas. Isso, em tese, também provocaria mudanças climáticas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Probição de pesca recuperou vida marinha em Grande Barreira, diz estudo

               Um estudo divulgado na última segunda-feira indica que a proibição da pesca em 2004 em parte da Grande Barreira de Corais da Austrália possibilitou que a população de algumas espécies de peixes da região dobrasse.

               O relatório, divulgado na revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences, foi produzido por um grupo de pesquisadores da Austrália.
               Em 2004, a pesca foi banida em uma área de 32% da barreira que se estende por 2,6 mil quilômetros e sobre uma área de 344 mil quilômetros quadrados na costa de Queensland, nordeste da Austrália.
               Hoje, a densidade de peixes nessa zona protegida é o dobro das demais regiões.
               Um dos destaques é a truta dos corais (Plectropomus leopardus), cuja população dobrou em apenas dois anos a partir da proibição da exploração desses corais. A população de tubarões também é 100% maior na área protegida em relação ao restante da barreira, diz o estudo.
               “Os resultados são realmente impressionantes”, disse Laurence McCook, líder do estudo.
                “Manter uma grande proporção de áreas protegidas é bom para a vida marinha, é bom para os peixes e é bom para as pessoas que dependem dos corais para viver”, analisou McCook, referindo-se à indústria pesqueira e ao turismo.
                 Apesar da recuperação, McCook enfatiza que a Grande Barreira de Corais australiana, a maior cadeia de corais do mundo, ainda está sob grande risco por causa da mudança climática. O aumento da temperatura e da acidez da água do mar prejudica sensivelmente a vida nos corais.

Geleira de Ossoue, nos Pirineus, encolhe 34% em 30 anos

             
Segundo a Agência Europeia do Meio Ambiente, o aquecimento na Europa é maior do que a média do planeta.




                   Na fronteira da Espanha com a França, um gigantesco lençol de gelo cobre a montanha. Para os visitantes, é um cartão postal. Para os cientistas, uma preocupação.

                 A geleira de Ossoue está derretendo em um ritmo cada vez maior. Nas últimas três décadas, a maior língua glacial dos Pirineus encolheu 34%. O conde Henry Russel escalou a montanha 33 vezes. Sem querer, ele deixou a maior prova do desgaste da geleira. No paredão de granito, ele escavou grutas que estavam ao nível do gelo. Depois de 120 anos, o chão está bem abaixo das cavernas. 
                O vilarejo de Gavarnie é o mais alto do lado francês da montanha, a 1,3 mil metros. Em novembro, as ruas costumavam estar cobertas de branco. Neste ano, a neve ainda não veio. Nós é que temos de ir ao encontro dela.
                Nós estamos a 2300 metros de altitude. Agora, nessa época do ano, para ver e sentir a neve, é preciso subir. Os moradores mais antigos da região contam histórias de invernos bem mais longos e rigorosos.
                Uma mulher, que nasceu no local, conta que há 30 anos vinha esquiando até a casa dela todos os dias de inverno. Agora, a neve raramente chega até esse ponto.
                 Segundo a Agência Europeia do Meio Ambiente, o aquecimento na Europa é maior do que a média do planeta.
                Perto dali, no alto do rochedo, o pontinho branco resplandece em qualquer estação. É a imagem de Nossa Senhora das Neves. Há séculos ela protege o povo da montanha. Agora, é a própria montanha que precisa de proteção.

Fauna é ameaçada pelo aquecimento do planeta

No Canadá, espécie de besouro virou praga porque a temperatura subiu 1ºC.


                Um grau a mais na temperatura foi suficiente para um bichinho destruir uma floresta. O “besouro do pinheiro” sempre existiu nos pinheirais do oeste do Canadá. Mas o frio impedia que ele se reproduzisse sem controle.

                Apenas um grau a mais e ele se tornou o responsável pela maior praga da história da América do Norte. A cor vermelha nos pinheiros, que mesmo no inverno não deixam de ser verdes, é o sinal de que eles estão morrendo. Em dez anos, o besouro destruiu uma área equivalente ao tamanho de três estados do Rio de Janeiro.
               O peixe-lua gosta de água quente, perto da linha do Equador. Mas tem sido visto com frequência no norte da Califórnia e até no Alasca. Seguindo seus movimentos, os cientistas tentam entender o que acontece com toda a vida marinha.
               A temperatura da água está subindo mais rápido do que a do ar. Isso muda os níveis de oxigênio e de nutrientes - e também as correntes. Como uma espécie depende da outra, há o risco de colapso de todo o sistema marinho.
               No mundo inteiro, os corais, que abrigam 25% de toda a vida no mar, estão morrendo. Na África, a migração anual de mais de um milhão de gnus está ameaçada, porque a seca está destruindo as pastagens.
               Nas florestas tropicais da América Central e do Sul, 70 espécies de rãs-arlequim já foram extintas por causa de um fungo que se proliferou no calor.
                É no Ártico que os efeitos do aquecimento global são mais visíveis. A calota polar é formada só por gelo. Todos os anos, parte derrete no verão e volta no inverno. Mas, em 2007, o gelo derreteu tão rápido que ficou 23% menor do que qualquer outro verão estudado.
                Pela primeira vez, grandes cargueiros navegaram por lá, pegando um atalho entre a Europa e a Ásia. Se esse ritmo for mantido, já em 2009, não haverá mais gelo no verão do Ártico.

Derretimento do Ártico está matando os ursos polares

Com a redução da área ocupada pelo gelo, os ursos têm dificuldade para buscar alimento.



               Uma imagem divulgada esta semana deixou todo o mundo perplexo: as neves do Kilimanjaro, o famoso monte da Tanzânia, ponto mais elevado do continente africano, estão desaparecendo.

                E a previsão é triste: em 20 anos, dizem os pesquisadores, não haverá um único campo de gelo na região. Que fenômeno é esse que afeta o Kilimanjaro, se repete em geleiras tropicais e chega até ao Ártico?
                No Ártico, acontece todos os anos a mais radical mudança de estação de todo o planeta Terra. Em três meses, quando chega o verão, sete milhões de quilômetros quadrados de gelo desaparecem. 
                 Tem sido assim há milênios, mas, nos últimos anos, o fenômeno mudou de escala. Cada vez, mais gelo derrete, um drama para os ursos polares.
                 O período em que o oceano fica congelado é o melhor para os ursos polares. A caça é farta e fácil. Cada urso precisa pegar uma foca por semana. Enquanto o mar está sólido, eles não passam fome. Ursos são exímios nadadores. E andar no gelo é a maneira mais fácil de se aproximar das focas.
                 É por isso que, quando o verão começa a clarear o Ártico, a situação fica sombria para os ursos. Aquecido pelo sol e agitado pelo vento, o gelo se despedaça todo.
                 Um urso pode sentir o cheiro de uma foca a mais de um quilômetro de distância, mas é difícil encontrar a presa em uma paisagem que não para de mudar. A cada dia sem comida, um urso jovem perde um quilo.
                 As previsões mais recentes indicam que o Ártico pode ficar completamente sem gelo na época de verão daqui a 20 ou 40 anos. E talvez sem ursos.
                 Uma mãe e seu filhote adolescente recuperam suas forças sobre um fragmento de mar congelado, um dos últimos. Em volta, o mundo de gelo onde vivem sumiu, derreteu. Estão abandonados à própria sorte.

Bolívia: gelo que se acumulou em mil anos, derreteu em apenas dez

A repórter Sonia Bridi viajou ao país e mostrou as imagens impressionantes de uma região que já foi coberta pelo gelo.

                   É a altitude que faz os Andes terem gelo, em plenos trópicos. Os picos passam dos 6 mil metros. Mas neles acontece a mudança mais dramática provocada pelo aquecimento global . Um fenômeno que vamos ver na geleira Huayna Potosi, a quase 5 mil metros de altitude.

                   Nosso guia percorre estas montanhas há três décadas. Ele aponta a face sul da montanha. O que se vê é só rocha. Ele se espanta, e a última vez que esteve aqui foi há apenas três meses.
                  “Nunca tinha visto, como está se descongelando. Todas as montanhas estão descongelando”, afirma o guia.
                   A geleira de Huayna Potosi cobria todo o vale e não era uma camada fina de gelo. No ponto mais espesso, chegava a ter 200 metros, cobria pedras. O gelo que levou mais de mil anos para se formar, desapareceu em apenas dez.
                    Cem metros acima, a geleira, linda e imponente, se derrete diante dos nossos olhos. Por toda parte, a água, aprisionada pelo frio há mais de um milênio, volta a correr.
                   O gelo está derretendo tão rápido, que é como se estivesse chovendo dentro da fenda. Em dez anos, os Andes bolivianos perderam 40% do seu gelo.
                   O guia não se conforma. “É triste. Daqui a uns dois anos mais, vai estar mais para dentro e desaparecerá”.
                   Como Chacaltaya, que hoje é apenas as ruínas do que foi um orgulho nacional. Foi a pista de ski mais alta do planeta, com 5,3 mil metros, mas, no começo dos anos 1990, os cientistas perceberam que a geleira que dava sustentação para a pista, estava derretendo.
                    A previsão na época foi muito pessimista. Ela não chegaria ao ano de 2015, mas a realidade foi pior. A pista de ski não chegou ao século 21 e se reduziu a uma manchinha de gelo lá no alto.
                    A temperatura na Bolívia já subiu quase 1ºC, mas o que provoca o desastre é a mudança no padrão de chuvas. Sem chuva, não há neve para repor. Mais tempo de sol, mais calor nas pedras. 
                     Por causa da seca, boa parte da Bolívia declarou estado de emergência.
                     Na região de La Paz, as represas estão com menos de 10% da capacidade. Ao lado da capital, El Alto, um milhão de habitantes, a maioria vinda do campo, descobre que lá também falta água.
                     Dona Alessandra faz estoque. Ela diz que na maior parte dos dias, não tem nada. “Quando era pequena, nevava até quase a altura dos joelhos”, ela conta. “Nevava uma semana, três dias. Agora, é uma hora e sai o sol”.
                     Parte da família dela foi embora para o Brasil.
                     O que hoje é imigração ilegal pode se tornar uma crise de refugiados do clima. Nossos rios mais importantes, do Amazonas ao Paraná, tem as nascentes na Bolívia. O desastre não reconhece fronteiras.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ovos de tartarugas são atropelados no litoral de Sergipe

Além de lutar contra os predadores naturais, as tartarugas que deixam ovos nas areias de praias correm o risco de ser atropeladas.

               A principal reserva de tartarugas Oliva do Brasil está ameaçada. Todo ano, mais de 700 mil ovos são deixados nas areias de uma praia no litoral de Sergipe. Mas as tartaruguinhas recém- nascidas enfrentam agora um novo inimigo: o tráfego de veículos.

               As placas e faixas não deixam duvidas: é proibido dirigir na praia, mas isso não impede que a areia seja usada como pista.
               O tráfego de veículos é intenso na reserva ecológica Santa Isabel. Situada no litoral norte de Sergipe, a praia é a maior maternidade de tartarugas da espécie Oliva, do país.
               "Fim de semana o pessoal acha que é diversão e vem pra praia com o carro, já vimos até gente dando cavalo de pau", fala David Luis Costa, gestor ambiental.
                Os 53 quilômetros de praia da Reserva são marcados por estacas. Cada uma delas sinaliza a presença de um ninho.
               No período de reprodução, que vai de setembro a março, as fêmeas chegam à praia para desovar. Só ano passado elas deixaram quase seis mil ninhos. Cada um deles tem em média 120 ovos.
                A cada temporada de desova aumenta a preocupação dos biólogos em proteger os ninhos do trânsito de carros. Além do risco de atropelar os bichos durante o trajeto até o mar, o trafégo de veículos impede que os filhotes saiam dos ninhos.
               "Com um rastro dos veículos, com certeza os filhotes não conseguiriam sair, porque a areia estaria compactada e os filhotes não teriam força suficiente para chegar até a superfície", explica Adélio Travagila, biólogo.
                As marcas de pneus estão por toda a parte. Num trabalho contínuo, os integrantes do Projeto Tamar abordam os turistas que dirigem pela praia. Os biólogos não têm autoridade para multar, mas fazem o que podem para conscientizar os infratores.