terça-feira, 14 de agosto de 2012

Mesma força que ajuda tartarugas a não se perder desperta os vulcões


Essa semana, um vulcão que estava dormindo há mais de um século entrou em erupção na Nova Zelândia, lançando pedras a até 1 quilômetro de altura e espalhando cinzas em um raio de 60 quilômetros.
a
No centro da África, uma equipe de cientistas arrisca a vida para desvendar o segredo desses gigantes ancestrais.

Uma tartaruga nada milhares de quilômetros pelo Oceano Atlântico todos os anos, mas sempre volta para a mesma praia. Nunca erra, nunca se perde. Como ela faz isso? A resposta tem a ver com a mesma explicação dos vulcões. Esses gigantes ficam silenciosos até resolverem explodir.

“Não existe possibilidade de você fazer uma previsão de uma manifestação vulcânica. É uma força construtiva porque constrói parte do relevo terrestre, e ao mesmo sem tempo é uma força destrutiva, porque afeta pessoas que moram nas proximidades”, diz João Wagner Castro, geólogo do Museu Nacional da UFRJ.

No Monte Nyiragongo, na República Democrática do Congo, na África, fica um dos vulcões mais ativos do mundo. A última erupção foi em 2002 e provocou a morte de 147 pessoas. Bem no centro da cratera, a lava chega a borbulhar; é um calor de 800°C, mas isso não assusta a equipe de pesquisadores, liderada pelo geólogo Dario Tedesco. “Esse vulcão pode nos ajudar a entender os segredos por trás de uma erupção”, explica ele.

Para isso, eles precisam coletar amostras de lava dentro do vulcão em atividade. Todo cuidado é pouco, o solo é instável e o vulcão emite gases tóxicos, como o enxofre.

É preciso usar uma roupa para altas temperaturas para chegar lá embaixo. Apenas um pesquisador desce e se a lava respingasse nele, nem a roupa especial seria capaz de protegê-lo. A morte seria instantânea.

A lava começa a descer pelas encostas a uma velocidade que chega a 60 km/h. É a última chance de pegar uma 
amostra da lava. Missão cumprida: o cientista começa a voltar. A lava recolhida, já fria e escura, parecendo um pedaço de carvão, é levada para o laboratório e analisada.

Os gases presos nesse pequeno pedaço de rocha vulcânica revelam de onde ela veio. Aproximadamente 2 mil quilômetros terra adentro, no magma, um imenso oceano de rocha tão quente, quase 2500°C graus, que entra em fusão e fica líquido.

É sobre esse manto incandescente que ficam as placas tectônicas. São 14 imensas placas rochosas que compõem um enorme quebra-cabeça. As placas estão em constante movimento, imperceptível para nós humanos. Mas basta um pequeno atrito entre elas para causar um terremoto. As placas deslizam bem devagar e há milhões de anos sobre o magma quente. Tão quente que acaba gerando uma enorme pressão. Sem ter por onde escapar, a lava é empurrada para cima, e se acumula em bolsões até explodir em uma erupção.

São centenas de vulcões espalhados pelo mundo. Os cientistas não conseguem prever quando serão as próximas erupções. Uma bomba relógio gigante sem hora para explodir.

Mas e a tartaruguinha? O que ela tem a ver com os vulcões? Do outro lado do mundo, no Oceano Atlântico, o bichinho volta ao mar para mais uma viagem.

Ken Lohmann é um pesquisador que estuda como os polos terrestres influenciam o comportamento dos animais. A resposta está nos campos magnéticos da terra. Em um laboratório, com a ajuda de ímãs, ele muda os polos magnéticos ao redor do tanque. Imediatamente, a tartaruga, que nadava em uma direção, muda de trajeto.

“É como se o campo magnético guiasse um sensor, uma bússola que existe dentro da tartaruga", explica Lohmann.

Em qualquer lugar do planeta, a tartaruga sabe exatamente onde está, e assim consegue voltar à mesma praia todos os anos. A explicação para tudo isso está no centro da Terra, além do magma: o núcleo do nosso planeta. Uma massa esférica rica em metais do tamanho da lua. E tão quente quanto à temperatura na superfície do sol, 2000°C. Lá, a pressão é muito grande, quase 4 milhões de vezes mais do que na atmosfera onde vivemos.

O núcleo metálico é como um grande ímã, o campo magnético do planeta se estende por milhares de quilômetros até o espaço e protege a terra da radiação dos ventos solares. Um escudo que garante a vida no planeta, o núcleo da Terra é capaz de empurrar o magma até a superfície e fazer o vulcão entrar em erupção. E também ajudar as tartaruguinhas acharem o caminho de casa, uma força invisível e muito poderosa. Apesar de assustador, esse comportamento é normal para o Círculo de Fogo do Pacífico, um conjunto de quase 500 vulcões que cercam o maior oceano do planeta. 

Fonte: Fantástico.globo.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário