sábado, 17 de novembro de 2012

Predadores Marinhos: muito além dos tubarões


A palavra “predador” evoca criaturas agressivas, poderosas, ameaçadoras, perigosas. Em nossos pensamentos, quem sintetiza tais características nos ambientes marinhos são os tubarões. Porém, estas afirmações carregam conceitos que  – como todas as generalizações  –  contém inverdades. Primeiro, porque os tubarões são apenas  alguns dos vários grupos de animais marinhos que predam outros seres. Segundo, pelo fato de que nem sempre um predador faz por merecer os adjetivos acima. Os três exemplos a seguir comprovam isto e ajudam a derrubar alguns mitos.
Dois predadores marinhos aparentados são as garoupas e os meros, membros de um grupo de peixes da família Serranidae (subfamília Epinephelinae) composto por quase 160 espécies. Apesar do tamanho – chegam a 2,5 metros e 400 quilos -, os meros e as garoupas são pacatos e vivem boa parte do tempo entocados no fundo dos mares, espreitando presas como lagostas, polvos, outros peixes e filhotes de tartarugas. O mero, em particular, aparece na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) – o mais conceituado inventário do estado de conservação das espécies vivas do planeta  – como “criticamente ameaçado”. Das seis categorias que definem o grau de ameaça ao qual uma espécie está sujeita, esta é a mais alta antes da extinção. A principal causa que coloca os meros nesta categoria preocupante é a pesca, já que estes peixes são considerados um troféu muito especial e procurado na pesca submarina. Sua carne, assim como a da garoupa, é branca e muito apreciada na culinária. Mansos a ponto de se deixarem tocar com as mãos sem esboçar reação, são presa fácil para os arpões.
Já a garoupa-verdadeira habita os mares mais ao sul do Brasil e também está em risco de extinção. Aparece na lista da IUCN em um grau abaixo dos meros em nível de ameaça, mas isto não traz grande alívio, já que suas populações estão em declínio. Vale lembrar que a espécie ocupa um papel honrado no Brasil, uma vez que é ela quem ilustra a cédula mais valiosa de nosso dinheiro: a nota de 100 reais.
Em outro grupo de peixes, pertencentes à família Sphyraenidae, aparecem as barracudas, com 18 espécies espalhadas pelos oceanos. De corpo alongado, movimentos ágeis e aparência assustadora (devido principalmente aos dentes salientes e afiados como lâminas), aproximam-se mais  de como imaginamos um predador, quando comparadas aos pacatos meros e garoupas. Mas, assim como estas espécies, as barracudas geralmente não representam perigo significativo ao homem. Apesar do temor que geram, parecido com o medo generalizado que temos pelos tubarões, grande parte dos relatos de ataques de barracudas a humanos carece de confirmação, havendo casos em que são atraídas por objetos brilhantes (como jóias e bijuterias) que remetem a um apetitoso peixe. 
Estes são três tipos de peixes  que, junto com os tubarões, compõem um dos mais destacados grupos de predadores marinhos e desempenham papel importante nos oceanos. Como predadores do topo da cadeia alimentar, ajudam a controlar as populações das espécies das quais se alimentam, mantendo o equilíbrio natural no ambiente. Sua presença em uma determinada área pode indicar que aquele ambiente está saudável, já que qualquer alteração na cadeia alimentar poderá fazer com que não tenham mais alimento e desapareçam do local. São os chamados bioindicadores, como é a onça-pintada em alguns ambientes terrestres

Por Daniel de Granville



Garoupa
Gordon - Goliath grouper.jpg
Mero

Garoupa-verdadeira

Barracudas

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