sábado, 6 de março de 2010

Repórter visita cratera de vulcão em atividade

Nós também mergulhamos nas águas transparentes do país, atravessamos uma floresta submarina e encontramos com os menores golfinhos do mundo.

           Terra de natureza impressionante, no meio do Oceano Pacífico, a Nova Zelândia tem vulcões, montanhas nevadas, fiordes de eras glaciais, pássaros, criaturas raríssimas, baleias e uma paisagem inesquecível. O Globo Repórter desta sexta-feira (5) faz uma viagem ao outro lado da Terra, a um país de extremos.

           Os primeiros raios de sol iluminam a Nova Zelândia. Quando é noite no Brasil, lá já é o dia seguinte. A Nova Zelândia está na nossa frente no relógio e no mapa. E o Globo Repórter foi até a ilha norte deste pequeno e belo país.
            Embarcamos rumo ao vulcão mais ativo da Nova Zelândia, em pleno Oceano Pacífico. É a White Island. O nome vem da fumaça que está sempre no ar.
            Estamos nos aproximando da White Island, que fica a 48 quilômetros de distância da terra. Do alto, já é possível ver que uma parte da cratera principal desmoronou, e as ondas ficam invadindo o vulcão, que tem apenas 30% da sua parte toda fora d’água. Os 70% restantes ficam submersos.

            Nosso objetivo é chegar cada vez mais perto da imensa cratera. A sensação é de entrar voando em um vulcão. Estamos chegando ao ponto de aterrissagem, e acabamos pousando na cratera do vulcão. No local, é preciso usar equipamento de segurança.
            Não há perigo de entrar em erupção enquanto estamos na cratera, porque o vulcão é acompanhado por sismógrafos. Se houvesse um risco, eles avisariam com antecedência. Os gases que saem do buraco e entram na boca dificultam a fala. Por isso, existe a necessidade de se usar uma máscara. O cheiro é muito forte, e o risco vem dos desmoronamentos das paredes do vulcão.
             Em 1914, caiu uma parte da montanha e matou 12 pessoas. Uma grande explosão destruiu a mina de enxofre que funcionava no local.
             É preciso todo cuidado para andar no vulcão. É como se estivéssemos sobre uma imensa panela de pressão.
             O piloto Marcus Dye explica que a temperatura de onde saem os gases está em torno de 800ºC. É até possível ouvir o barulho que faz a força com que esses gases são expelidos lá do fundo da terra. A cor amarelada das pedras é o rastro que o enxofre vai deixando no vulcão. Na cratera principal, dá para sentir que o vulcão está vivo e pulsante, expelindo gases por toda parte.
             Um lago se formou na cratera é extremamente ácido. Nada sobreviveria nele, mas, ao redor do vulcão, o oceano está cheio de vida. É o que vamos tentar ver.
             Nosso helicóptero decola de volta à base. Vamos passar para um barco. Saímos da cratera do vulcão em pequenos botes. O barco se afasta para contornar a grande montanha. O repórter Francisco José se prepara para mergulhar junto à parede do vulcão.
              Apesar dos gases e lamas borbulhantes que estão a centenas de graus Celsius, a água é geladíssima. O cinegrafista Dave Abbot acompanha a equipe com uma câmera especial.
              A temperatura da água está em torno de 15ºC. Como está muito frio, o repórter vai ter que usar também uma touca, para se proteger ao máximo da água gelada.
              A floresta de algas é típica das águas frias do Oceano Pacífico. São os kelps, onde as algas podem medir 30 metros de comprimento. Algumas chegam até a superfície, dependendo da profundidade.
              É um esconderijo natural para centenas de espécies que se reproduzem na região. Mas as bolhas que estão por toda parte são um lembrete de que estamos na encosta do maior vulcão em atividade da Nova Zelândia.
              Em uma pequena caverna, a água chega a ficar aquecida. Descemos 27 metros e vimos criaturas impressionantes, como um peixe pedra que muda de cor para se proteger dos predadores e atacar suas presas. Ele se camufla de acordo com o ambiente em que está.
             Avançamos um pouco mais, e os peixes vão comer o ouriço na mão do repórter Francisco José. Nessa floresta marinha, a fartura é garantida. Cardumes no mar, pássaros no céu: um equilíbrio perfeito, de norte a sul. Os ecologistas Derek Cox e Laura Allum são responsáveis por essa reserva marinha, na ilha sul do país. Fomos com eles a uma colônia de focas, onde elas estão protegidas.
             Como o vento está muito forte, Derek nos leva para uma pequena enseada até podermos voltar para o mar aberto. O paredão é impressionante.
              Há mais de sete milhões de anos essa baía era a cratera de um vulcão ativo. Hoje, com a água em uma temperatura de 12ºC, vivem no local os golfinhos mais raros do mundo, os hectors. Eles só são vistos nessa parte do planeta e são também os menores do mundo, com aproximadamente 1,4 metros de comprimento. Eles acompanham nosso barco a toda velocidade e dão um show.
              A ecologista Laura Allum explica que no verão eles chegam bem perto da costa. E é até possível nadar entre os golfinhos. Os turistas mergulham, e eles logo se aproximam.
             Derek Cox diz que as pessoas experimentam a sensação de nadar com os golfinhos em seu habitat natural, mas, ao mesmo tempo, os animais estão protegidos. O controle dos barcos que trazem os turistas é rigoroso. É assim também com as baleias cachalotes - aquelas que inspiraram a história de Moby Dick.
             O paraíso das baleias da Nova Zelândia fica em Kaiokoura. No início da praia, o nível da água é bem raso. Mais à frente, tem um abismo submarino com mais de 1,5 mil metros de profundidade.
              Não é preciso se afastar muito da costa para avistar a primeira baleia. Helicópteros ajudam na localização desses mamíferos que podem ficar debaixo d’água até 90 minutos antes voltarem à tona. Elas chegam a medir 18 metros e pesam até 52 toneladas.
              Os barcos só podem se aproximar a 50 metros de distância da baleia, mas elas ficam muito tempo paradas e respiram durante alguns minutos, rentes à superfície. E no momento exato em que vão mergulhar fazem um movimento com a cauda e voltam para as profundezas do mar. Neste dia, vimos três cachalotes.
              Para os nativos da Nova Zelândia, o povo maori, as baleias são sagradas.

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