segunda-feira, 9 de julho de 2012

As lições da Rio+20

Bom pessoal, sobre a Rio+20 eu trouxe um outro artigo de Virgilio Viana e agora estou trazendo um de Ernesto Cavasin Neto para que possamos ver mais de uma opnião e ver o que ha de comum ou não nas opniões.




Participo há anos de conferências ligadas a temas ambientais, como as do Clima, da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável. Cada vez mais vejo que esses grandes eventos tornaram-se palcos de debates acalorados com incontáveis possibilidades. Sabedores disso, nos últimos tempos os diplomatas desenvolveram um modelo com intenção de aperfeiçoar os trabalhos: as consultas e reuniões preparatórias, que intentam organizar melhor os documentos e discussões antes das grandes conferências das Nações Unidas. Solução interessante. Contudo, mesmo assim, não é possível amarrar todas as pontas desse emaranhado de ideias.
Desse modelo nasceu o documento final da Rio+20, chamado “O futuro que queremos”. Essa carta é analisada de formas distintas, dependendo dos olhos de quem a vê, podendo ser comemorada ou criticada. Lendo com atenção não é passível de nenhum dos sentimentos. Ela atinge o que dela era esperado.
Mas o grande ganho da Rio+20 não está somente no sistema usado pela ONU para buscar um futuro comum a todos os povos, pois não é só de governos que o mundo é feito. Devemos aplaudir a Rio+20 por sua capacidade e efetividade na mobilização da sociedade civil. É difícil tangibilizar o intercâmbio de conhecimento, mas com certeza muitos movimentos sociais, ambientais e até empresas saíram da Rio+20 mais fortes do que chegaram. Essa reciclagem é impar.
Essa evolução ainda não atingiu o estado da arte. Ainda há um longo caminho até a sociedade estar preparada. Focos múltiplos sem priorização dos temas são fruto da diversidade de conhecimento. Mas também são fonte de morosidade para a criação de propostas sólidas e que se sustentem. Essa dificuldade em alinhar ideias e balancear o prático e o teórico pôde ser vista nas várias plenárias e eventos paralelos.
As empresas conseguem se organizar melhor em blocos e evoluir na discussão. Os principais pontos de discussão e consenso na Rio+20 foram:
1- Relatórios de Sustentabilidade integrados às demonstrações financeiras são uma tendência. Mensurar e reportar de maneira integrada são os primeiros passos para adaptação dos modelos econômicos a uma economia verde.
2- As principais soluções apresentadas para a economia verde estão relacionadas com energia renovável, aspecto em que se destacaram as propostas apresentadas pela China e Alemanha. O Brasil tem uma matriz energética invejável e está incentivando fontes alternativas, principalmente eólica, mas por questões estratégicas vem também sujando a mesma em busca de equilíbrio sistêmico.
3- O lançamento do Natural Capital Declaration, no qual os bancos se comprometem a buscar maneiras para contabilizar e incluir na decisão de investimento aspectos relacionados ao capital natural.
4- Água, alimentos e energia são basicamente os três pilares que as empresas, governos e ONGs abordaram com relação à economia verde. Mudanças climáticas é também um tema reconhecido como prioritário, mas dentro desse pacote.
5- A mensuração das riquezas foi alvo de muita discussão. Como alterar ou substituir indicadores como o Produto Interno Bruto -PIB por outros mais completos que considerem questões sociais e ambientais. Neste caso, relatórios integrados teriam total conexão com as propostas de mudanças.
6- Importante tendência de cada vez mais integrar as pequenas e médias empresas de forma mais ativa na busca por uma economia verde.
Esses pontos são um importante sinalizador de que as empresas hoje traduzem de forma mais rápida o sentimento da sociedade em geral do que os governos e com isso agem mais rápido também, prova disso são os Prêmios de Mudança do Clima e Empresa Verde realizados anualmente pela revista Época em parceria com a PwC. Com 5 e 2 anos de vida respectivamente, o Prêmio Época de Mudanças Climáticas e o Prêmio Época Empresa Verde trazem cada vez mais exemplos de sucesso, projetos aplicados pelas empresas em prol de um mundo melhor. O compartilhamento desse conhecimento, por meio dos Prêmios, cresce a cada ano fazendo com que as empresas busquem aprimorar suas respostas e ações. O resultado dessa liderança apresentada pelos participantes dos Prêmios é uníssono com os principais resultados que vimos na Rio+20.
O maior sucesso desses últimos 5 anos é aproximar a sociedade em geral das ações de vanguarda que buscam o desenvolvimento sustentável de novos negócios e modelos de produção rumo à sonhada economia verde. As empresas participantes dos Prêmios provam a cada ano sua crença de que o futuro que queremos é o que estamos dispostos a construir.
(Ernesto Cavasin Neto, diretor de Sustentabilidade da PwC Brasil, Presidente da Associação das Empresas do Mercado de Carbono e Coordenador técnico do Prêmio Época Empresa Verde)

Fonte: Blog Época

Um comentário:

  1. Estou convicta que para mudanças sustentáveis para desenvolvimento sustentáveis só serão possíveis através de uma ação em conjunto do poder público, iniciativa privada, como bancos, empresas, universidades. Muito interessante as soluções propostas pela empresa Siemens, na área de desenvolvimento sustentáveis de megacidades. Vale a pena dar uma lida.

    http://www.siemens.com.br/desenvolvimento-sustentado-em-megacidades/

    Alessandra Ribeiro

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