quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bioma Cerrado part03

Ocupação e expansão da fronteira agrícola

A ocupação do cerrado teve início do século XVII com o movimento de mineradores, garimpeiros, monçoeiros e tropeiros avançados por rios, matas e veredas do bioma. É muito conhecida a ação predatória dos bandeirantes paulistas é caça de indígenas e à procura de minérios em Goiás, ato Grosso e Minas Gerais. Também é sabido que milhares de africanos escravizados tiveram de participar dessas empreitadas.
Após o declínio da atividade mineradora, houve a implantação de uma pecuária extensiva baseada em pastagens nativas. É desse tempo o surgimento dos vaqueiros, que originaram uma rica cultura na região Centro-Oeste e parte da Sudeste. No entanto, mesmo com o desenvolvimento dessas atividades, somente trechos do bioma no interior de São Paulo e em Minas Gerais haviam sido ocupados.
O cerrado permaneceu bastante preservado até a década de 1950. Nessa década, com a construção de Brasília no planalto central, o cerrado foi dando lugar à pecuária e à agricultura de exportação, como a soja, arroz e trigo. Tais mudanças se apoiaram na adoção de políticas desenvolvimento, como a implantação de rodovias, como a Belém-Brasília, e de infraestrutura energética. Nesse período, milhares de brasileiros, principalmente do Sul e do Sudeste migraram para a região em busca de oportunidades de trabalho.
Durante as décadas de 1970 e 1980 houve um rápido deslocamento de fronteira agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos, agrotóxicos e mecanização. A visão de cerrado como "celeiro do Brasil" é dessa época.
Nos últimos anos, grande parte da vegetação dos estados de Mato Grosso, Maranhão e Tocantins também foi substituída por extensas plantações de soja e arroz. Esse processo de ampliação da fronteira agrícola resultou em 67% de áreas de cerrado muito alteradas com a presença de voçorocas, assoreamento e envenenamento dos ecossistemas.



Povos e cultura do cerrado

No cerrado há diferentes populações humanas. Algumas vivem no bioma há centenas de gerações, outras há poucos anos.
As populações mais antigas do cerrado são os povos indígenas. O instituto Socioambiental estima que naquela área, antes do avanço do colonialismo, havia cerca de 760 mil indígenas pertencentes a diferentes povos, como Xerente, Xavante, Tapuia, Karajá e outros. Com a chagada dos europeus, além de dizimados, eles foram empurrados para o interior do território, restando alguns grupos, como os Avá-Canoeiro. Atualmente, a maioria desses povos está confinada em reservas indígenas e têm de adaptar seus modos de vida à disponibilidade de recursos e aos conflitos locais.
Além dos indígenas, o cerrado foi ocupado pelos mestiços, formados pela mescla de indígenas com negros fugidos da escravidão e também com descendentes de europeus. Por muito tempo, eles ficaram em relativo isolamento em certas áreas do bioma. São quilombolas, vazanteiros, sertanejos e ribeirinhos que ao longo dos séculos, passaram a retirar do cerrado recursos para a alimentação, confecção de utensílios e artesanato. Tão rica quanto a biodiversidade é a cultura do cerrado, cujas raízes principais estão na figura do vaqueiro e na pecuária. A cultura vaqueira influenciou a culinária do bioma. Quem não conhece o famoso feijão tropeiro, prato que alimentava os bandeirantes em suas longas viagens pelo interiror do país? Pamonha, curau, queijo minas e peixe na telha são algumas das delícias do cerrado. Outra marca do bioma é a musica, em que a viola é o instrumento principal. Folias de Reis e do Divino, congadas e cavalhadas são as festas que enchem o cerrado de cor, música e movimento.

FESTA DO DIVINO.
O cerrado é um dos biomas mais ameaçados da América do Sul. Pesquisas indicam que ele perde 30 mil Km² por anos, o que equivale a 2,6 campos de futebol por minuto. Como a mata atlântica, ele é considerado um dos hoyspots do planeta.
O projeto " Mapeamento de remanescentes de cobertura vegetal natural do cerrado", da Embrapa Cerrado, aponta que o bioma mantém 61% da vegetação nativa, sendo 13% de pastagens nativas e 48% de cobertura vegetal remanescente. A conversão de áreas de vegetação natural em pastagens e lavouras diminui os hábitats disponíveis para animais e plantas, afetando a funcionalidade dos ecossistemas e ameaçando de extinção centenas de espécies.
Ao agronegócio soma-se outras questões de impacto sobre o cerrado e suas populações , com a expansão urbana descontrolada e a implantação de novas infraestruturas de transporte e de fontes de geração em larga escala, nem sempre cuidadosa com o manejo do solo, é a inviabilização da pequena propriedade familiar, que geralmente resulta na concentração fundiária e no êxodo rural.
Um alternativa para o cerrado seria a contenção dos desmatamentos, o que poderia ser feito com a criação de novas unidades de conservação. Até outubro de 2006, o cerrado tinha apenas 10% de áreas protegidas. Ou seja, 90% do bioma não tem proteção alguma.


Pessoal isso é tudo sobre o Cerrado, aguarde o próximo bioma !!


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