domingo, 31 de janeiro de 2010

Antártica tem as explicações para o aquecimento global

A repórter Sonia Bridi viajou ao continente gelado e mostra porque a ação humana está provocando o degelo.

             Nos últimos dias, uma polêmica agitou o meio científico internacional. As pesquisas que comprovam o aquecimento global foram colocadas sob suspeita. Mensagens trocadas entre cientistas revelariam que uma das pesquisas teria sido fraudada para reforçar a tese de que o planeta está esquentando.

             Cientistas ligados à ONU contra-atacaram. E divulgaram, ontem, um comunicado reafirmando que o aquecimento climático é "inequívoco". Essa polêmica é especialmente explosiva porque acontece no momento em que o mundo está de olho em um encontro histórico, na Dinamarca.
             Representantes de 190 países já estão em Copenhague e, a partir de amanhã, eles começam a discutir o futuro do planeta. Está nas mãos deles decidir se estão todos dispostos a agir e, assim, evitar que as mudanças climáticas sejam catastróficas.
            O mundo inteiro está preocupado. A Terra já está quase 1ºC mais quente do que há 150 anos, quando começou a era industrial. E os efeitos desse aquecimento já são visíveis.
            O maior desafio dos países reunidos em Copenhague é limitar a emissão de gases do efeito estufa. Especialmente o mais célebre deles, o gás carbônico, o CO2. Existem outros fatores que levam ao aquecimento global. Mas está comprovado que há uma relação direta entre o aumento da concentração do gás na atmosfera e o aumento da temperatura.
            Como chegamos a este ponto? Tudo começou na revolução industrial. Foi quando passamos a usar máquinas, movidas a carvão e a petróleo, para fabricar produtos ou para o transporte. Carvão e petróleo, quando queimados, liberam CO2.
             As explicações para tudo isso estão em uma das regiões mais remotas do planeta - a Antártica, o continente gelado. 
             E agora, o que vai acontecer com o planeta?

             Os cientistas afirmam que, se conseguirmos baixar drasticamente as emissões - devemos chegar ao final do século, com um aumento de temperatura de cerca de 2ºC. Parece pouco, mas isso pode provocar mudanças climáticas dramáticas, mais furacões, enchentes, secas, situações de frio extremo e calor extremo, aumento do nível do mar. Mas se não conseguirmos controlar o aquecimento, se a tendência atual das emissões de CO2 continuar, estima-se um aumento de 4ºC até 2100. Um mundo completamente diferente do que conhecemos.

Aquecimento Global







segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Entenda como os oceanos se formaram

Pesquisadores são categóricos ao afirmar que um novo oceano vai nascer no deserto de Afar, na Etiópia, daqui a milhões de anos.


                 Motivos não faltam para que o homem passe a respeitar os oceanos. As águas salgadas são determinantes para a vida no planeta. Não é à toa que a terra é chamada de planeta azul: 70% da superfície dela estão cobertos por água. O volume de água não é tão grande, comparado ao tamanho do nosso planeta. Mas água em estado líquido nessa quantidade nunca foi encontrada em nenhum outro lugar do sistema solar.

                 A Prainha, no Rio de Janeiro, é um paraíso de surfistas. No inverno, as ondas, que chegam a 2,5 metros de altura, estão carregadas de energia.
                “A energia das ondas deriva, basicamente, da transmissão da energia do vento. A energia das ondas deriva da atmosfera, do movimento de ar e do atrito com a camada de superfície líquida, aí você transfere energia da atmosfera para o meio líquido”, explica o diretor da Faculdade de Oceanografia da UERJ, Marcos Fernandez.
                 Na praia, elas podem arrebentar com o impacto de várias toneladas. Uma força praticamente virgem, que cientistas querem transformar em eletricidade.
                “Dependendo do jeito que você monta esse equipamento, dependendo do mecanismo, é possível ter uma geração de energia quase limpa”, afirma Fernandez.
                  É com esse poder que os oceanos dão forma aos continentes, mexem com o clima e são uma das bases que mantêm a vida na Terra. Mas nem sempre foi assim.
                  Há quatro bilhões de anos, nosso planeta era um ambiente infernal, zero água na superfície. Felizmente, o principal ingrediente da vida já estava ali, escondido nas profundezas. Quando os vulcões daqueles primórdios entraram em erupção, foram liberados bilhões de toneladas de gases, entre eles, vapor d’água. Ou seja, água em estado gasoso.
                  Esse vapor foi se acumulando em nuvens, até que a temperatura dessa atmosfera primitiva baixou de 100ºC. Começou uma tempestade de durou centenas de milhares de anos. Assim surgiram os primeiros rios e oceanos, mas isso gerou apenas metade do volume total da água que existe hoje. O restante veio do espaço.
                 Um cometa, filmado em 2005, tinha seis quilômetros de comprimento feito de rocha e gelo. Para descobrir exatamente quanta água poderia sair de dentro desse corpo celeste, cientistas americanos forçaram a colisão de um satélite com o cometa. Viram 250 milhões de litros de água serem despejados no espaço. 
                  Os estudiosos dizem que há quatro bilhões de anos, milhares de cometas, carregados de gelo, se chocaram contra o nosso planeta e assim forneceram a água que faltava aos oceanos. Com o vagoroso movimento dos continentes, muitos oceanos surgiram e muitos outros saíram do mapa.
                  O Mediterrâneo, por exemplo, vive na corda bamba: para existir depende de uma minúscula ligação com o Oceano Atlântico, o Estreito de Gibraltar. Há seis milhões de anos, a África e a Europa se juntaram e essa passagem se fechou. Em dois mil anos, toda a água do Mediterrâneo evaporou e ele virou um deserto.
                 Um estudo recente revela que o renascimento do Mediterrâneo só aconteceu depois de 700 mil anos, quando um tsunami violentíssimo no Atlântico durou dois anos e reabriu o Estreito de Gibraltar.
                 A morte de um oceano leva milhões e milhões de anos. Eventos assim são praticamente impossíveis de se testemunhar. Por isso, o que aconteceu no extremo leste da África é um marco. Pesquisadores chegam de todo o mundo para estudar uma rachadura que surgiu no deserto da Afar, na Etiópia, há menos de quatro anos. Eles afirmam categoricamente que a partir desse rasgo na Terra vai nascer um novo oceano.
                Outras fissuras cortam esta região ao longo de centenas de quilômetros. Elas formam uma fronteira entre duas placas enormes de terra que estão se separando. Em alguns milhões de anos, vai se abrir um oceano, que a nossa geração jamais conhecerá.
               “O planeta é muito dinâmico, não é uma coisa estática como a gente pensa. Não é o planeta que está parado, é a gente que vive pouco. Essa é a ideia”, esclarece Fernandez.
                  Agora, com o aquecimento global, estamos voltando a esquentar nossos mares.
                 Criaturas delicadas como águas vivas douradas e os corais do Pacífico podem estar ameaçadas. Esses seres tão frágeis sofrem com os mares cada vez mais quentes e ácidos.
                 “Nós precisamos entender que não somos os mandatários da evolução. Somos apenas uma parte dela. E para a gente sobreviver, as outras coisas têm que sobreviver também”, argumenta o professor.

Salvador fica em primeiro lugar em blitz de lixo urbano

A capital baiana que amargou o título de campeã da sujeira na praia, no último domingo, também ficou em primeiro lugar na blitz do lixo urbano.

             Domingo passado, o Fantástico fez a blitz do lixo em sete praias do litoral brasileiro. O resultado deixou muita gente de cabelo em pé. Agora é a vez das principais avenidas, de sete capitais do país, passarem pelo raio-x da sujeira. Qual será a mais suja?

             Está todo mundo careca de saber que lugar de lixo é na lixeira, mas, então, por que as ruas das cidades brasileiras andam tão sujas?
            “É culpa nossa mesmo, do ser humano”, afirma o comerciante John Rodbson. “As pessoas mesmo sujam”, aposta a advogada Genir Avelino. “A maioria não tem um pingo de educação”, critica a professora Rosângela Menezes.
             “Tem plástico, tem copo descartável”, aponta a vendedora Maria da Conceição. “É o que você mais vê por aqui: a lixeira está do lado e o cara joga o lixo no chão”, diz o militar Rodrigo Cardoso.
               No Rio de Janeiro, um segurança uniformizado abaixa para pegar o saco plástico. Parecia uma boa ação. Que nada! Ele simplesmente joga o saco de volta no chão. E isso porque ele está do lado de uma lixeira.
              A presença da câmera do Fantástico também não inibiu uma moça. Ela abre a bala, passa pertinho e joga o papel no chão.
              Fantástico - Reparou que você jogou o papel no chão?
              Mulher - Reparei.
              Fantástico - Tem uma lixeira aqui, tem uma outra do outro lado.
              Mulher - Desculpa.
             De desculpas esfarrapadas, o pessoal que recolhe o lixo já está cansado. “Tinha que educar o povo, porque o povo joga tudo. O cara acaba de varrer. Daqui a pouco, suja de novo”, ressalta o gari Ricalho Benedito Rosa.
              Em Goiânia, uma mulher abaixa e deixa um copinho no chão. E a criança que está com ela rapidinho aprende o mau exemplo. Outra mulher dá aquela disfarçada para se livrar do papelzinho.
              Já em São Paulo, um pessoal nem se preocupa e joga ponta de cigarro no chão na maior cara de pau. “O brasileiro joga mesmo, não tem jeito. Não sou eu que jogo, todo mundo joga”, diz um homem.
               Infelizmente é verdade. E, para saber a quantidade de lixo que as pessoas andam deixando pela rua, o Fantástico convoca um novo teste.
                Na semana passada, a equipe do Fantástico mediu o lixo de sete praias do litoral do Brasil. Hoje, são grandes avenidas de sete capitais brasileiras que vão passar pelo pente fino da sujeira. A pedido do Fantástico, as companhias municipais pararam de varrer as ruas pesquisadas em um trecho de um quilômetro, durante o horário comercial de um dia útil. 
               Só no final do dia, a turma da limpeza entrou em cena para recolher e pesar a sujeira. Mas atenção: no teste só foi contabilizado o lixo recolhido do chão, aquele da falta de educação. O que estava dentro das lixeiras não entrou na soma.
                E como resultado, uma má notícia para a Bahia! Salvador, que amargou o título de campeã da sujeira na praia, no último domingo, também ficou em primeiro lugar na blitz do lixo urbano, com 1.2 toneladas.
                Logo atrás, vem a outra representante do Nordeste: Fortaleza, com pouco mais de uma tonelada. O terceiro lugar é da região Norte: Belém, com 710kg.
               ”A cidade está muito suja, está faltando até lixeiras aqui. Não encontrei lixeira nenhuma aqui na Presidente Vargas”, critica a contadora Andria Duarte, que mora em Belém.
                 A prefeitura tenta justificar:“Belém tem um problema sério que é o vandalismo. Você implanta lixeiras e elas são vandalizadas com muita rapidez. Às vezes, faltam recursos para repor essas lixeiras que são vandalizadas”, afirma o secretário municipal de Saúde, Sérgio Pimentel.
                Só que sem lixeiras, o lixo vai acumulando. E nesta época de chuvas, a situação só piora. Veja em vídeo o trabalho dos garis para desentupir os bueiros.
                No Rio de Janeiro, não faltam lixeiras. Mesmo assim, a cidade aparece em quarto lugar, com 680 kg.
               “A Comlurb gostaria de ter essa parceria com os moradores, com todos os que utilizam a cidade, para que prestassem atenção no horário em que o caminhão passa, para só colocar o lixo uma hora antes do caminhão passar”, diz a presidente da Comlurb, Ângela Fonti.
                 São Paulo, a maior cidade do Brasil, se saiu um pouquinho melhor que o Rio e somou 540 kg de lixo. E ainda teve a forcinha do dono de banca Antônio Araújo. “Tem uma lixeira ao lado aqui, tem uma aqui na banca, mas sempre jogam na rua”, diz.
                 Em Goiânia, o início da manhã parecia animador, mas foi só o comércio abrir para o cenário mudar. Uma funcionária varre o lixo de dentro da loja direto para calçada e deixa tudo ali mesmo, no meio da rua. No final do dia, são 203 kg de sujeira, a maior parte de papel picado.
                “Você vai ver que está com 80%, 90% de materiais recicláveis que poderiam ser reaproveitados e a gente ter um nível de consciência ambiental maior”, aponta o presidente da Comurg, Wagner Siqueira.
                  E o título de campeã da limpeza vai para Curitiba, com apenas 33 kg de lixo recolhidos do chão. E olha que os curitibanos não estão satisfeitos. “Essa rua é bastante suja”, afirma o vendedor Elias Silveira. Mas justiça seja feita. Em Curitiba e nas demais capitais, também não faltaram flagrantes de bons exemplos. Nem tudo está perdido.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Lixo jogado nas ruas é uma das principais causas de enchentes em SP

Os piscinões que deverias ser a solução do problema de enchentes em São Paulo amanheceu coberto de lixo. Só no Ceagesp foram recolhidas toneladas de detritos.


             A água ainda não baixou porque as bombas responsáveis por tirar a água que se acumula com o excesso de chuva estavam com defeito desde a madrugada de quinta-feira.

             Pela marca na parede, percebe-se que a água passou de dois metros de altura. As máquinas trabalham, mas ainda tem água.
             Os piscinões que deverias ser a solução do problema de enchentes em São Paulo amanheceu coberto de lixo. Só no Ceagesp foram recolhidas toneladas de detritos.
              Esse lixo jogado nas ruas é uma das principais causas de enchentes.
              Represa Guarapiranga, 17 quilômetros de extensão. Segundo maior sistema produtor de água de São Paulo que abastece 20% dos paulistanos.
              Cidade de São Paulo, dezessete mil toneladas de lixo por dia. Um quilo e meio para cada morador que nem sempre se preocupa em fazer a coisa certa.
               Na rua, os coletores encontram sofá, cabeceira de cama, colchão, tudo jogado. Trabalho que às vezes machuca. “Isso foi uma madeira pesada que eu fui jogar, muito pesada e acabou machucando o braço. Tem que tirar, se não tirar pode entupir o bueiro, o córrego”, fala Jucélio Soares, ajudante geral.
               O trabalho do pessoal que faz a limpeza da represa Guarapiranga é feito numa embarcação. São quatro coletores que ficam das sete da manhã até as quatro da tarde só recolhendo o lixo que encontram na represa.
               Em 9 horas de jornada, eles encontram de tudo: cabeceira de cama, lâmpada, bolsa, tênis, pneu, almofada e muitas garrafas plásticas. Algumas tão sujas que nem os coletores de reciclagem aceitam.
               É tanto lixo estranho que foi criado até um museu: impressora, televisão, toca discos, móveis, fogão... Tudo o que foi encontrado nas águas da Guarapiranga.
               No ponto de encontro da represa com um córrego é onde há uma concentração maior de lixo. Os coletores nem conseguem descer do barquinho para recolher. Eles usam a rede e rapidamente ela fica cheia.
               Lixo na represa deixa a água mais suja e cara. Embaixo fica uma parte do sistema de captação da água. O lixo interfere na produção de água tratada.
               Cada pedaço de plástico ou sujeira que para na grade de tratamento vai reduzindo volume de água captado. Aí, o sistema tem que gastar mais energia para manter o mesmo volume.
               “Quanto mais lixo, mais caro, mais difícil tratar a água”, explica Gesner Oliveira, presidente da Sabesp.
                Em três anos foram retiradas 132 toneladas de lixo da represa. Dá para encher duzentos e oitenta e três caminhões. Por incrível que pareça técnicos e coletores estão otimistas. Eles dizem que o lixo está diminuindo e tem esperanças. “Se continuar, com certeza vamos alcançar”, diz José Evanildo, coletor.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Veja como fazer doações para o Haiti e ter informações sobre brasileiros que estão no país

           O Ministério das Relações Exteriores está fornecendo informações sobre brasileiros que estão no Haiti pelos seguintes telefones:


(61) 3411-8803 / (61) 3411-8805 / (61) 3411-8808 / (61) 3411-9718 / (61) 8197-2284
          
A Embaixada da República do Haiti está arrecadando doações em dinheiro. Para colaborar, podem ser feitos depósitos ou transferências de qualquer banco, mesmo de fora do Brasil, para a conta corrente abaixo:

Nome: Embaixada da República do Haiti
Banco: Banco do Brasil
Agência: 1606-3
CC: 91000-7
CNPJ: 04170237/0001-71

           O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também recebe doações só em dinheiro. A entidade não recebe outros tipos de doações em função da dificuldade de enviá-las ao país.
           Dados para depósitos ou transferências:

Nome: Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Banco: HSBC
Agência: 1276
CC: 14526-84
CNPJ: 04359688/0001-51

             O Viva Rio, que está desde 2004 no Haiti, onde desenvolve projetos sociais ligados às áreas de segurança, desenvolvimento e meio ambiente, também abriu uma conta para quem quer fazer doações às vítimas do terremoto:

Banco: Banco do Brasil
Agência: 1769-8
CC: 5113-6
CNPJ: 00343941/0001-28


               A ONG Action Aid criou um site e disponibilizou o telefone 03007898525 para doações em dinheiro para as vítimas do terremoto.

https://seguro.actionaid.org.br/doacao01.aspx?origem=EMA102W10&Form=E

Repórter acompanha patrulha no Haiti

Repórter acompanha patrulha no Haiti

            A capital do Haiti, Porto Príncipe, está aos pedaços. O enviado especial Rodrigo Alvarez testemunhou a situação caótica da cidade e a ajuda dos militares brasileiros.

            Rodrigo Alvarez acompanhou uma patrulha de segurança que saiu da base militar brasileira em direção ao Centro da cidade e documentou o rastro de destruição deixado pelo terremoto.
            O repórter mostrou uma vala comum cavada no meio da rua onde estariam enterrados 40 corpos, haitianos caminhando sem destino, longos engarrafamentos de quem quer deixar o país e o que sobrou do prédio onde 10 militares brasileiros morreram, entre outras cenas impressionantes.

Repórteres encontram sobrevivente

Confira as imagens impressionantes do resgate de uma mulher que estava há quase quatro dias sob os escombros em Porto Príncipe, capital do Haiti.

            Você vai ver as imagens impressionantes de um resgate em Porto Príncipe, a cidade devastada por um terremoto.Os nossos repórteres acompanharam o trabalho dos soldados brasileiros que integram a força de paz das Nações Unidas no Haiti.

             Os enviados especiais Lília Teles e Luís Cláudio Azevedo encontraram uma sobrevivente, que estava debaixo dos escombros.
             Os haitianos pediram ajuda ao comboio para resgatar uma sobrevivente, um soldado brasileiro conseguiu ouvir a mulher embaixo dos escombros, conversou com ela, constatou que estava bem e segurou a mão dela. Quase quatro dias depois do terremoto, haitianos, jornalistas e soldados sentiram a alegria de encontrar alguém vivo entre os escombros.
              A história do resgate emocionante da enfermeira de 36 anos, que levou mais de três horas, teve um final feliz. Os médicos da base militar brasileira disseram que ela não sofreu ferimentos graves.

Terremoto no Haiti.

Mais videos que mostram a trajedia !


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Terremoto no Haiti



Imagem da hora que aconteceu o terremoto no Haiti. Imagens onde mostram os prédios caindo !!!



Tecnologia transforma o semiárido. Parte 4 de 4

Iniciativas estão transformando a região da seca. Agricultores encontraram na tecnologia uma nova aliada para atravessar os dias de escassez.


           Na última reportagem da série sobre água que o Jornal Nacional apresenta esta semana, André Bezerra e Beatriz Castro mostram, em Pernambuco, iniciativas que estão transformando a região da seca.

            Seca e temporais. Fartura e escassez. No semiárido brasileiro, a qualidade de vida depende da água que cai do céu. “É um sufoco, mas fazer o quê?”, reclama a dona-de-casa Maria Aparecida Mendes.
             Para matar a sede da família, Aparecida tem que buscar água todos os dias. No pensamento, a esperança de pôr fim ao sacrifício. “Estou sonhando com a cisterna”, ela brinca.
             Para mais de 240 mil famílias sertanejas, a cisterna ao lado da casa já saiu dos sonhos para a vida real. “Ficou melhor, a água mais pura, mais fácil. Porque, antes, ficava um pouco mais longe de casa. Agora, é bem pertinho”, conta a agricultora Tânia Priscila da Silva.
             Ao contrário do que muitos imaginam, o problema da água no semiárido não é causado apenas por falta de chuva.
            “Chover, chove. O desafio é como desenvolver tecnologias descentralizadas a nível de toda pequena propriedade rural que possa acumular esta água e fazer dela o uso sustentável”, explica Joseilton Evangelista, coordenador do programa Agricultura Familiar.
              Das regiões semiáridas do mundo, a brasileira é uma dos maiores, mais populosas e também onde mais chove.
              Uma região que passa por transformações. A imagem é bem diferente daquelas do sertão do chão rachado, do gado morto, das plantações secas. A velha realidade ainda se repete em algumas áreas do semiárido, mas não para quem encontrou na tecnologia uma nova aliada para atravessar os dias de escassez.
               Da terra seca para produção de hortaliças. A mudança só foi possível graças à cisterna calçadão. Ela capta a água da chuva que cai no terreno inclinado, revestido com cimento. A invenção caseira ajuda a bombear a água. É só molhar para ter o que colher.
              "Tem pessoas que não têm esses recursos ainda, padecem com efeitos da seca, mas graças a Deus, eu não vejo nem quando passa", afirma o agricultor Ednaldo Rodrigues do Nascimento.
              As tecnologias são repassadas por uma rede social, a articulação do semiárido, que envolve mais de 700 organizações não governamentais. A barragem subterrânea é mais uma alternativa.
              O paredão no subsolo, forrado com lona impermeável, armazena a água de córregos e riachos. O resultado salta aos olhos no sítio de Geraldo Higino. “A água não faltou mais”, ele conta.
              O agricultor José Mendes Sobrinho passou 30 anos em São Paulo e voltou há dez para o Nordeste. Só agora aprendeu a conviver com a natureza do semiárido. Ele fica orgulhoso quando exibe o pomar.
             “Dá orgulho de mostrar uma planta, uma fruta natural, sem agrotóxico, sem química nenhuma. É orgulho para a gente no sertão”, destaca o agricultor.
              Com água e tecnologia, o homem que, um dia, fugiu da seca, oferece uma vida digna aos filhos e netos. “Água para a gente é vida. É fonte de riqueza, é fonte de alimentação. Tudo isso a água significa”, conclui José.

Empresas investem contra desperdício de água . Parte 3 de 4

Com um investimento de R$ 15 milhões, uma fábrica da Ambev já reaproveita quase toda água que utiliza. Em um prédio de outra empresa do Rio, a preocupação com o consumo de água começou na construção.



           Na terceira reportagem da série que o Jornal Nacional apresenta, nesta semana, sobre a água, o repórter Paulo Renato Soares mostra empresas que investiram em tecnologia contra o desperdício.

           Em uma linha de produção, ela é essencial. Um litro de cerveja ou de refrigerante tem cerca de 90% de água. Ingrediente nobre e também indispensável para fazer funcionar a indústria de bebidas.
           A garrafa que chega da rua é lavada e esterilizada, é muita água. Mas o que você vê escorrer pelo chão, agora, não é mais desperdício.
           Tubulações, reservatórios e bombas trazem de volta quase tudo o que vai pelo ralo. Com um investimento de R$ 15 milhões, uma fábrica da Ambev já reaproveita quase toda a água que utiliza.
           Na pasteurização - processo que elimina impurezas da cerveja - a água em altas temperaturas era jogada fora depois de usada. Agora, com a instalação de tanques de resfriamento, dura até 30 dias.
           Tudo isso fez o consumo de água potável cair 22%, uma economia de 9 bilhões de litros nos últimos cinco anos. O que daria para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes por um mês.
           E a empresa bateu uma marca. Em algumas unidades, em todo processo, são gastos 3,5 litros de água para produzir um litro de cerveja. Abaixo do índice mundial, de 3,75 litros.
           Na fábrica do Rio de Janeiro, medidores digitais controlam o uso em cada etapa do processo. "Muitas vezes, algum deslize, algum problema no dia, pode comprometer a semana, um mês, então, a gente é bastante neurótico com esse tipo de controle, na verdade", afirmou Victor Genta, gerente de Meio Ambiente.
           Em um prédio de outra empresa do Rio de Janeiro, a preocupação com o consumo de água começou ainda na construção. Com alto investimento e usando a tecnologia mais recente, tudo foi pensado para diminuir o impacto do forte calor carioca. E foi essa arquitetura inteligente que abriu caminho para uma grande economia.
           A clarabóia controla a intensidade de luz dentro do edifício e os vidros da fachada receberam uma película que filtra os raios solares. Menos calor, menos uso da refrigeração e mais economia com o reaproveitamento da água da chuva.
          O teto todo funciona como a boca de um funil. Calhas e ralos especiais recolhem cada gota que cai do céu. Nem aqueles pingos dos aparelhos de ar-condicionado são desperdiçados.
           No fim de um dia, só eles representam 3 mil litros. Tubulações levam a água para uma estação de tratamento no subsolo e depois para um reservatório, com capacidade para 225 mil litros.
            É essa água que abastece as descargas no banheiro e é usada em serviços de limpeza e jardinagem. Nas torneiras, sensores para controlar o gasto.
           O investimento tornou a construção 10% mais cara do que um prédio convencional. Mas deu à Petrobras uma economia de 40% de água potável e um reconhecimento: foi o primeiro edifício do Rio de Janeiro a receber, ano passado, o selo do Conselho Norte-Americano de Prédios Verdes.
            Responsabilidade que não fica só dentro dos limites das empresas preocupadas com meio ambiente. "Eu falo para Pedro, o meu filho, que a gente que economizar água, porque senão futuramente ele e os filhos dele é que vão perder com isso. A gente tem que ter a consciência de estar economizando agora para ter depois", disse Ariane Andrade, técnica de manutenção.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O caminho da água até chegar a nossas torneiras. Parte 2 de 4


Saiba como a água é tratada nas estações, como é a maneira correta de limpar velas de filtro em casa, qual é o risco de bebedouros públicos à saúde do cidadão e muito mais.


            O Jornal Nacional apresenta, nesta semana, uma série de reportagens sobre a água. Nesta terça, o repórter Luís Gustavo vai mostrar o caminho que ela percorre até chegar às torneiras. Uma comodidade que quase 20% dos brasileiros ainda não têm.

             É de carroça que Dona Terezinha vai três vezes por dia até o córrego mais perto de casa. A água é turva, barrenta, mas no sertão da escassez, é assim que se lava as panelas e se mata a sede. “É muito triste, mas fazer o quê? Infelizmente é essa que a gente tem”.
             Dona Terezinha ferve a água, mas poderia eliminar mais bactérias se além do fogo usasse uma receita simples e caseira. “O ideal é você usar duas gotas de água sanitária para cada litro de água. Você esperaria meia hora, para poder reagir, oxidar e matar essas possíveis bactérias que nós vamos encontrar”, ensina Aires Horta, gerente de qualidade de água da Copasa.
             Na maioria das cidades, a água que os moradores tomam vem dos córregos, rios ou represas, e quase sempre chega às estações de tratamento cheia de impurezas.
              Até ficar pronta para ser consumida, essa água imunda tem que percorrer um longo caminho. Passa por inúmeros filtros, por um processo de decantação para sujeira ficar retida em tanques e recebe produtos químicos como flúor e cloro.
             Três horas e meia depois, a transformação. Aquela água barrenta fica limpa, potável e em adutoras é levada até as torneiras dos consumidores.
             “A rigor, a água que é fornecida pela empresa de saneamento, pela prestadora, ela tem que ser potável. Eu poderia tomar água de torneira sem problema”, disse Valter Lúcio de Pádua, professor de Engenharia Sanitária da UFMG.
             Mas quem tem essa coragem? Precavido, o consumidor prefere ter filtros em casa e, muitas vezes, nem se preocupa em limpar.
            “A gente já pegou um caso de uma vela de um filtro que durou 18 anos. Na verdade, não estava filtrando mais, mas, o cliente veio trocar a vela porque quebrou”, contou a comerciante Daniele Lima.
             O ideal é fazer a limpeza das velas pelo menos duas vezes por mês. Mas não daquele jeito que a vovó ensinou. “Passo açúcar e passo escova. É assim que eu limpo. Não é assim?”, pergunta uma senhora.
              Por incrível que pareça, não. “Muitas vezes, ao fazer isso, a gente vai desgastando um pouco a vela. Então, o que se recomenda é sempre fazer a limpeza da vela utilizando uma bucha comum e sabão”, explicou Valter Lúcio de Pádua.
              Dona Joana toma esses cuidados e, depois de cada limpeza, ainda faz um teste para saber se a vela está funcionando direito. “Quanto menos pinga, mais filtrada a água fica”.
              Os bebedouros públicos muitas vezes precisam de adaptações. Um aposentado quase encosta a boca num deles. Repare que a água que cai da boca volta para dentro do bico.
             “Esse jato deveria de ser inclinado para que na hora em que a pessoa toma água, o resto da água não volte, não faça contato com o que vai sair de novo nesse jato”, explica uma mulher.
               Pela lei, as companhias de saneamento são obrigadas a fazer análises da água distribuída à população. O consumidor tem que ser informado sobre o resultado dos exames. Em Belo Horizonte, os dados são divulgados na internet e na conta mensal. Mas o compromisso das empresas com o tratamento termina na torneira. Dentro de casa, a responsabilidade é do morador.
              “A caixa d'água tem que sofrer uma higienização pelo menos duas vezes por ano. A caixa d’água aberta é uma fonte de contaminação por fezes de pássaros e, eventualmente, de outros animais, além de ser um ambiente propício para o crescimento do mosquito da dengue”, declarou o médico infectologista Carlos Starling.
               Mesmo a água que vem direto das nascentes, por mais pura que pareça, também precisa ser analisada. Em Poços de Caldas, sul de Minas, os exames são feitos toda semana. “Uma água que pode ser consumida sem ser filtrada, sem ser fervida, uma água natural”, garante uma mulher.
               Um privilégio para os moradores que não precisam gastar um centavo para ter água de qualidade o tempo todo. “Para cozinhar, para fazer café, suco, para tudo. Praticamente o consumo é só essa água. A comida fica mais saborosa”, afirmou a dona de casa Tânia Luzia da Silva.
                A partir do ano que vem, fabricantes e importadores de bebedouros, filtros e purificadores terão que obter certificados do Inmetro.

Condomínios tentam diminuir consumo de água. Parte 1 de 4

Muitos prédios têm investido tempo e dinheiro em tecnologia de medidores individuais de consumo de água. Para gastar menos, 12 capitais já criaram leis que estimulam a instalação dos medidores.


            O Jornal Nacional vai exibir, nesta semana, uma série de reportagens sobre a água. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 80 países com cerca de 40% da população mundial já sofrem os efeitos da escassez.

             Em São Paulo, o repórter Alan Severiano apresenta algumas iniciativas para combater o desperdício desse recurso tão precioso.
             Carteiras de pernas para o ar, poeirão, um barulho frenético para preservar a dona de um som universal. O consumo corria solto em uma escola pública na Grande São Paulo: R$ 12 mil por mês.
             Para acabar com o desperdício, bebedouros e pias ganharam torneiras econômicas e as descargas receberam válvulas novas. “Isso vai fazer com que o consumo seja reduzido”, afirma Regina Soares, diretora da escola.
             Em outra escola, a reforma acabou com os vazamentos e as crianças aprenderam a economizar. “Tem que fechar a torneira e abrir só quando for tirar a espuma da mão”, ensina Letícia Martins, de 7 anos.
             Em um ano, o consumo caiu 30%. Se eu não tenho ideia de quanto eu gasto de água, para que economizar? É assim que pensam muitos moradores de condomínios, em que a conta de água é dividida igualmente entre os apartamentos.
             Uma mentalidade que começa a mudar. Seja pela natureza ou para aliviar o bolso, muitos prédios têm investido tempo e dinheiro em uma tecnologia que não aparece, mas que dá resultados bem visíveis: medidores individuais de consumo de água.
             Mais de 144 mil apartamentos em todo o país já instalaram o novo sistema, que deve ser aprovado em assembléia. O custo varia de acordo com a quantidade de canos que abastecem o prédio. O investimento é alto: de R$ 600 a R$ 1,1 mil por apartamento.
             A economia aparece a longo prazo. Depois de um ano de obras, um condomínio descobriu quanto ia pelo ralo. O gasto de R$ 40 mil por mês caiu para R$ 26 mil. O valor de cada conta ficou mais justo.
            “Cada um paga pelo que gasta. Também há a possibilidade do corte da água no inadimplente”, explica a síndica Noemi Silla.
              O economista Evandro Bertolini passou a pagar bem menos. “Eu gastava R$ 85, agora gasto R$ 25”, ele conta.
              Já a família do representante comercial José Carlos de Oliveira viu a conta disparar. “Nós pagávamos em torno de R$ 90. Ela passou a vir R$ 500, R$ 400. Aí, eu entrei em pânico”, revela José Carlos.
             O problema só foi resolvido com marcação cerrada. Em média, cada brasileiro consome diariamente 138,5 litros de água. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda 100 litros.
              Para gastar menos, 12 capitais já criaram leis que estimulam a instalação de medidores individuais, de acordo com o último levantamento da Agência Nacional de Águas.
             “O cliente, pagando efetivamente por aquilo que ele consumiu, automaticamente, começa a reduzir seus consumos”, afirma Regina Siqueira, superintendente de Planejamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
               Foi o que aconteceu em um conjunto habitacional da periferia de São Paulo. A estudante Tamira Oliveira agora lava louça uma vez por dia e a roupa uma vez por semana. Cortou o gasto com água pela metade e ganhou mais momentos de lazer. “Agora, o dinheiro dá para sair com a família, almoçar fora, curtir uma praia no fim de semana”, ela diz.
              O gráfico Cícero Alves controla o banho dos filhos, lembrando da terra natal, o Ceará. “O pessoal sofre muito com falta de água. Então, o nosso objetivo é diminuir o consumo”, destaca Cícero.
             “A lição que fica é que a água não é tão inesgotável quanto as pessoas pensam, que a conscientização tem que se estender para todos porque é o bem mais precioso que nós temos”, conclui a diretora Regina Soares.
             “Eu falei para a minha mãe: não demora para tomar banho se não vai acabar a água. Depois, vai precisar e não vai ter”, ensina Luigi Castro, de 9 anos.
            

Nova Série !!!

A proxima série a ser postada é sobre a água, uma série muito importante para a preservação dela !!!

Lixão se forma no meio do Oceano Pacífico

Toneladas de sujeira contaminam a água.

               Entre o litoral da Califórnia e o Havaí, uma área enorme ganhou um triste apelido: o Lixão do Pacífico. Levadas pela corrente marítima, toneladas e toneladas de sujeira, produzidas pelo homem, se acumulam num lugar que já foi um paraíso.
               Um oceano de plástico, uma sopa intragável, de tamanho incerto e aproximadamente 1,6 mil quilômetros da costa entre a Califórnia e o Havaí e que, segundo estimativas, seria maior do que a soma de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.
               É o Pacífico, o maior dos oceanos, agredido pela humanidade onde a humanidade raramente chega. Há plástico e plâncton, lixo e alimento, tudo misturado. Poluindo o paraíso, confundindo as aves, criando anomalias - como a tartaruga que cresceu com um anel de plástico em volta do casco - e matando os moradores do mar.
               Mas qual será afinal o tamanho exato gigantesca massa de lixo que se acumula no Oceano Pacifico? Será que a gente ainda tem tempo para limpar tudo isso? E os animais? Se adaptam ou sofrem as consequências?
               Charles Moore viajava pelo Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, quando resolveu arriscar um novo caminho. "Foi perturbador. Dia após dia não víamos uma única área onde não houvesse lixo. E tão distantes do continente”, lembra o capitão.
               Como um descobridor nos tempos das Navegações, Charles Moore foi o primeiro a detectar a massa de lixo. E batizou o lugar de Lixão do Pacífico. Primeiro, viu pedaços grandes de plástico, muitos deles transformados em casa para os mariscos. Depois, quando aprofundou a pesquisa, o capitão descobriu que as águas-vivas estavam se enrolando em nylon e engolindo pedaços de plástico. O albatroz tinha um emaranhado de fios dentro do corpo.
              "Antes não havia plástico no mar, tudo era comida. Então os animais aprenderam a comer qualquer coisa que encontram pela frente. Você pode ver que eles tentaram comer isso [pedaço de embalagem]. Mas não conseguiram", diz o capitão.
                Com a peneira na popa, o capitão e sua equipe filtram a sopa de plástico e fazem medições. Já descobriram, por exemplo, que 27% do lixo vem de sacolas de supermercado. Em uma análise feita com 670 peixes, encontraram quase 1,4 mil fragmentos de plástico.
                São informações valiosas, fonte de pesquisa e argumentos para a grande denúncia de Charles Moore: "Gostaria que o mundo inteiro percebesse que o tipo de vida que estamos levando, isso de jogar tudo fora, usar tantos produtos descartáveis, está nos matando. Temos que mudar, se quisermos sobreviver."
                Um gesto despreocupado, uma simples garrafa de plástico esquecida em uma praia da Califórnia. Muitas vezes ela é devolvida pelas ondas e recolhida pelos garis. Mas grande parte do material plástico que é produzido nessa região acaba embarcando em uma longa e triste viagem pelo Oceano Pacifico.
                Pode ser também depois de uma tempestade. O plástico jogado nas ruas é varrido pela chuva, entra nas galerias fluviais das cidades e chega até o mar; ou vem de rios poluídos que desembocam no oceano.
               No caminho, os dejetos do continente se juntam ao lixo das embarcações e viajam até uma região conhecida como o Giro do Pacífico Norte. Diversas correntes marítimas que passam às margens da Ásia e da América do Norte acabam formando um enorme redemoinho feito de água, vida marinha e plástico.
               Mas, outra vez uma tempestade, um vento forte, talvez, e parte do lixo viaja para fora da sopa, até uma praia distante.
               Estamos numa praia linda e deserta de uma região praticamente desabitada do Havaí. Não era para ser um paraíso ecológico? Mas Kamilo Beach recebe tantos dejetos marítimos que acabou virando um lixão a céu aberto. Basta procurar um pouquinho para entender a origem de todo o plástico que chega até a praia. Em uma embalagem, caracteres chineses. Uma bóia de pescadores provavelmente veio do Japão. Um pouco mais adiante, há o pedaço de um tanque de plástico com ideogramas coreanos.
               E olha que Kamilo Beach está mais de 1 mil quilômetros distante do Lixão do Pacífico, no extremo sudoeste da ilha de Hilo, no Havaí. Kamilo Beach dificilmente vê um gari. O plástico que chega lentamente pelo mar vai ficando esquecido no paraíso.
               Há dois anos, depois que se mudaram para cá, Dean Otsuki e Suzanne Frazer resolveram fazer de Kamilo um alerta planetário. Suzanne pergunta: "Será que o governo japonês, por exemplo, sabe quanto plástico o Japão está mandando para o Havaí?"
               Dean vem trazendo um galão que, sem dúvida, chegou da Ásia. Tem também tubo de shampoo usado nos Estados Unidos e sacos de plástico sabe-se lá de onde. Agora, são todos farrapos do mar. As mordidas impressas no plástico levaram os ambientalistas a mudar de alimentação.
               "O que acontece é que as toxinas estão se acumulando ao longo da cadeia alimentar. Os predadores no topo da cadeia, que somos nós, estamos comendo plástico também", alerta Suzanne Frazer.
                O casal toma notas, calcula as quantidades, recolhe o equipamento de pesca para saber os pesos e as medidas de cada tipo de poluição. Não é pessimismo. Por enquanto, praticamente nada está sendo feito e não dá para dizer que existe um ou outro culpado. Estamos todos com as mãos completamente sujas de plástico.
                Maldivas têm ilha só de lixo
                Haveria depósito de lixo em cinco régios dos oceanos. Nas Ilhas Maldivas, no Oceano Índico, uma nova ilha está sendo criada. É uma ilha de lixo. Em pouco menos de duas décadas, a ilha já tem 50 mil metros quadrados e abriga indústrias e depósitos. Caminhões chegam em barcos o tempo todo.
                O lixo orgânico é queimado na hora. Garrafas de plástico e pedaços de metal são separados e exportados para Índia, onde são reciclados. O resto forma a base do território que avança sobre o oceano.
                O nativos das Maldivas se recusam a fazer esse tipo de trabalho. Eles ganham mais se passarem o dia inteiro na praia, só pescando. Por isso, os trabalhadores do lixão são 150 imigrantes de Bangladesh, que aceitam trabalhar ganhando o equivalente a US$ 60 e US$ 100 por mês.
                 A maior parte do lixo vem da capital, Malé, que concentra 100 mil habitantes, um terço da população do país. Mas os 10 mil turistas que visitam as ilhas por dia provocaram uma explosão na produção de lixo e a criação da ilha das Maldivas que ninguém quer visitar.

Veja outras informações no site da campanha B.E.A.C.H  
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Plástico polui oceanos e prejudica diversos animais marinhos

Pesquisa feita pelo Projeto Tamar revela que, de cada 10 tartarugas mortas, quatro morreram, porque ingeriram lixo.


           Do golfinho que tinha mais de dois metros de comprimento sobrou só o esqueleto. Quando apareceu na praia, no sul do Espírito Santo, já estava sem forças para reagir.

          "Um pedaço de plástico estava no estômago, o outro, no esôfago. Aos poucos, o animal deixou de se alimentar, foi ficando desnutrido e morreu por inanição, que foi a causa da morte", explica Lupércio Barbosa, coordenador do Instituto Orca.
           Ele era de uma espécie rara, um golfinho de dentes rugosos. Foi mais uma vítima do lixo.
           "Jogar um plástico do carro na rua, vai cair no bueiro e isso vai parar no mar ", alerta Lupércio.
            Imagine uma cidade cortada pelo mar, com toda beleza que isso representa, e, ainda por cima, sem lixo jogado no lugar errado. Não é fácil encontrar um lugar assim. Olhando de fora parece mesmo bem bonito, mas por outro ângulo a esperança vai afundando. É assim normalmente em trechos de mar que cortam centros urbanos.
            No fundo do canal de Guarapari, no Espírito Santo, o lixo não desaparece. Resiste ao tempo e se mistura à vida marinha, insistente.
            “A sujeira realmente incomoda bastante, a gente tenta jogar para baixo do tapete, mas quando você desce dá para ver que está ali", conta o mergulhador Bruno Zippinotti.
             Garfo de plástico, faca, garrafa. "Até muito longe da terra a gente encontra lixo flutuando que vem do continente. Isso afeta o meio ambiente, afeta a comunidade, porque diminui o turismo na área", diz o mergulhador Júlio Yaber.
             A sujeira vem das cidades litorâneas, mas pode aparecer muito mais longe, a centenas de quilômetros da praia. No Rio Doce, que corta mais de 200 cidades de Minas Gerais e Espírito Santo, é só acompanhar o trajeto da água para ver o tamanho do problema.
             No local a gente encontra garrafa de plástico, embalagem de óleo lubrificante, detergente e xampu. É lixo que segue adiante e vai parar no mar, provocando um efeito devastador.
             "Eu já vi peixe com sacola enrolada na goela, já vi garrafa pet agarrada na goela do peixe também”, relata o pescador Zé de Sabino.
             "As tartarugas confundem o lixo com alimento. E ela vai comer e pode morrer", diz a estudante Kerly Maciel.
               Uma pesquisa feita em 2009 pelo Projeto Tamar em cinco estados brasileiros - Ceará, Segipe, Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina - revela que de cada 10 tartarugas mortas, quatro morreram porque ingeriram lixo. Dentro de uma única tartaruga verde encontrada no litoral capixaba tinha plástico de todo jeito e tamanho, pedaço de canudo e até tampa de garrafa pet.
             "Essa quantidade de lixo para um animal pequeno, um animal que tinha por volta de quatro anos, isso é fatal" , explica Henrique Filgueiras, coordenador do Projeto Tamar em Regência, no Espírito Santo.
              O bicho confunde o plástico com o seu alimento, as algas, e o material não é digerido, fica no estômago do animal impedindo que se alimente. Além disso, ele não consegue mais afundar, tem dificuldade para respirar. Precisa de tratamento urgente, à base de soro. Uma papa verde, mistura de peixe e couve, é para o animal já mais forte, que tenta sobreviver.
              "Pode ser que ela contribua para eliminar esse lixo que tiver, se a obstrução não for muito grande já, não for muito severa", conta a veterinária Jéssica Ribeiro.
               Um documentário francês mostra a sopa de plástico que viraram os oceanos. No Mar Mediterrâneo há três milhões de toneladas de lixo. O plástico tomou conta do mar, está na superfície e até a mil metros de profundidade.
              O Marine Mammal Center é um instituto que também trabalha com a recuperação dos animais como o Tamar, só que na costa oeste americana. Shelbi Stoudt coordena as operações de resgate. Ela conta que aumentou o número de mamíferos que chegam ali por causa da poluição.
               Linha de pesca, faixas de borracha que se enrolam no pescoço dos bichos. Até casos de estrangulamento têm aparecido.
               Há vinte anos Jan Van Franeker, especialista em aves marinhas, começou uma pesquisa para descobrir o que elas comiam e teve uma surpresa: “Há um pedaço de nylon, pedaço de sacola plástica ainda molhada e suja”.
                O capitão Charles Moore sabe que o plástico nunca desaparece, apenas se quebra em pequenos pedacinhos. A vida dele mudou durante viagens em uma rota pouco usada no Pacífico. Foi ele quem descobriu a ilha de lixo no meio do mar.
                 Ele ficou intrigado com tanto plástico flutuando na água. “Minha nossa, o que a gente fez com o oceano?”
                Em um século, cem milhões de toneladas de plástico foram lançadas nos mares e pouco deve mudar. “Ninguém parece ter capacidade de ver um futuro sem plástico”, diz o capitão Moore. “Para que nos livremos da poluição do plástico. Pequenas mudanças não vão fazer a diferença”.

Lixo e poluição tomam conta de várias praias brasileiras

Companhias de limpeza urbanas de sete cidades separaram e pesaram o lixo recolhido em um quilômetro de praia em um único dia do fim de semana.

        Verão, férias, o azul do mar. Qual é a primeira coisa que vem à cabeça quando se vê uma praia linda?

A) Que vontade de mergulhar!
B) Como é bom ser brasileiro e ter mais de 8 mil quilômetros de litoral
C) Quero mais é estragar tudo isso e encher a areia de lixo
         Por incrível que pareça, milhares e milhares de pessoas Brasil afora andam escolhendo a letra C.
        A turista portuguesa Aurélia Martins sobe nas tamancas: “Acho que é uma vergonha para o Brasil, uma vergonha para Salvador e é um atentado à natureza”.
         Atrás da pilha de lixo existe uma praia. É a famosa Praia de Boa Viagem, no Recife. Em Fortaleza, o problema é o mesmo da capital pernambucana. O calor da capital cearense dá uma pista sobre o tipo de lixo que é mais produzido: 70% são cocos que, depois de consumidos, vão parar na areia da praia.
        "Eu me revolto com a própria população que não colabora. Em vez de pegar o lixo e colocar dentro da cesta, joga no chão, na frente da gente mesmo", reclama o gari José Marques da Silva.
         A pedido do Fantástico, as companhias de limpeza urbanas de sete cidades separaram e pesaram o lixo recolhido em um trecho de um quilômetro de praia em um único dia de fim de semana. A campeã foi Salvador: os lixeiros recolheram 7,5 toneladas em Piatã. Em segundo, ficou Fortaleza, mais de seis toneladas na Praia do Futuro. Só de cascas de coco foram quase cinco toneladas.
        "A imagem da praia em um dia de segunda-feira é horrível, é um deserto, parece um aterro sanitário. Muito lixo e muita casca de caranguejo, os próprios barraqueiros não zelam pelo ambiente", lamenta o fiscal de limpeza Manuel Bomfim Alves.
          Em terceiro lugar ficou Guarujá. Foram cinco toneladas de lixo em Pitangueiras. Em quarto, Recife, na Praia de Boa Viagem, com pouco mais de duas toneladas, seguida por Natal, com uma tonelada na praia de Redinha.
          É tanto lixo que o ambientalista Adriano Artoni chega a retirar sozinho 300 quilos nos fins de semana das praias do Recife. “Eu tenho um pequeno museu, que tem dentadura, fogão, geladeira, capacete, ossos humanos. Tudo o que e recolhido nos rios e nos mares”, conta o ambientalista.
          Só de sofás, Adriano já recolheu 85.
          Duas cidades das regiões Sudeste e Sul se saíram um pouco melhor. A Praia de Canasvieiras é uma das mais movimentadas de Florianópolis. Tem pouco mais do que dois quilômetros de extensão e, ao longo de toda a faixa de areia, há lixeiras a cada 20, 30 metros. Quer dizer: o banhista não tem desculpa para deixar sujeira na areia.
          Coincidência ou não, fato é que Florianópolis teve o melhor resultado no teste do lixo do Fantástico. No quilômetro de praia pesquisado, os garis recolheram apenas 125 quilos nas areias.
          No Rio de Janeiro, a praia pesquisada foi Copacabana. A quantidade recolhida foi 870 quilos. O que muita gente não se dá conta é que sujeira atrai sujeira. O lixo deixado pelos banhistas atrai ratos e pombos. Isso para não falar nos animais de estimação, que não deveriam vir à praia.
         "As pessoas não cumprem a legislação, principalmente cedo, e trazem os animais para cá", destaca a secretária de meio ambiente do Rio de Janeiro Vera Lúcia de Oliveira.
          Diego Costa é veterinário. Mas ele não quer nem saber: "Cachorro não pode passar muita doença porque meu cachorro é vacinado. Sabia que é proibido".
         "Seria fácil trazer saco, acumular o que consome na praia e levar até um container. A cidade ia agradecer muito”, sugere o diretor da Comlurb Luiz Guilherme Gomes.
           Some-se a isso tudo o velho problema das águas poluídas pela falta de tratamento, e o resultado é que banho de mar em algumas cidades brasileiras pode ser uma roubada: das praias pesquisadas em Florianópolis e Rio de Janeiro, o banho de mar só é liberado com restrições. Nas outras cidades, os trechos visitados pelo Fantástico estão liberados.



 

domingo, 10 de janeiro de 2010

Nova Série !!!

E ai vocês estão gostanto do novo blog 2010 ?? Espero que sim
Após esta série sobre a África estamos preparando uma sobre a água, sobre a importância dela e os cuidados que devesmos toma !!!

Aguardem !!!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sul-africanos terão quarta eleição após Apartheid . Parte 6

São 15 anos desde eleição que levou Nelson Mandela ao poder e marcou o fim do Apartheid. Hoje, negros e brancos convivem, se respeitam, mas a sombra do preconceito ainda existe.


             Na quarta-feira, os sul-africanos vão às urnas escolher os parlamentares que elegerão o próximo presidente do país. Mais de 23 milhões de eleitores estão aptos a participar da quarta eleição desde o fim do Apartheid. Os correspondentes Renato Ribeiro e Edu Bernardes mostram o que mudou nesses 15 anos.

             Pelas ruas, se misturam os dois eventos que vem mexendo com a África do Sul. A Copa das Confederações, prévia da Copa do Mundo, daqui a dois meses, e as eleições, daqui a dois dias.
             Uma olhada rápida pelos cartazes de campanha já mostra a complexidade do país. Há 11 idiomas oficiais. O inglês é o que une todas as etnias.
              São 15 anos desde eleição que levou Nelson Mandela ao poder e marcou o fim do Apartheid. Hoje, negros e brancos convivem, se respeitam, mas a sombra do preconceito ainda existe. Uma década e meia é pouco historicamente para mudar pessoas que viveram sob o regime de segregação racial.
             Negros frequentam bairros onde moram brancos, mas o contrário não acontece ainda. Basta andar pelas ruas do centro de Joanesburgo ou de Soweto, bairro símbolo da libertação dos negros.
             Até no esporte isso ainda se reflete. A entrada de um jogo de críquete, por exemplo, maioria de brancos. Já olhando para uma arquibancada em um jogo de futebol, é fácil perceber qual é a paixão dos negros.
             Aos poucos, novos comportamentos na sociedade sul-africana vão aparecendo. O que era crime há 20 anos hoje se torna o símbolo de como o país mudou.
             Eleni, de 22 anos, e Duinti, de 27, são namorados. Casal multirracial, algo ainda raro, mas não impossível de se ver.
            "O país mudou, mas não mudou tanto. Ainda há obstáculos, os olhares, as barreiras. Muitos acham normal, mas há algumas pessoas que não gostam mesmo", diz Eleni, que teve a reprovação da irmã mais velha quando disse que namorava um negro.
            "Meus pais aprovaram, mas fazem piada comigo. Ah, está com uma branca...", conta Duinti.
             Ambos nasceram nos últimos anos do Apartheid. Na infância, sequer tiveram amigos de outra cor.
             "Parece loucura pensarmos que era proibido um casal como nós. Mas nosso país era assim. Agora, somos o que nosso país é e passará a ser", conta Duinti.
             Quando os filhos desses novos casais vierem, a África do Sul terá dado mais um passo importante na democracia racial - a miscigenação.

Angola, onde o Brasil está mais presente na África. Parte 5

Na última reportagem da série, veja como o Brasil influencia em vários aspectos da cultura angolana e na reconstrução do país após a guerra civil.


                  Nesta semana, o Jornal Nacional teve a honra de inaugurar mais uma base de correspondentes da Rede Globo. Na série de reportagens em que Renato Ribeiro e Edu Bernardes apresentam aspectos do continente africano, nesta sexta é a vez de mostrar a África que tem a maior ligação com o Brasil. A África que fala português.

                  Lagos, maior cidade da Nigéria. No meio dessas ruas está escondida uma relação histórica com o Brasil. A placa diz: Bairro Brasileiro.
                 A arquitetura é parecida com a do nosso período colonial. Herança de antigos escravos na Bahia e no Rio de Janeiro que resolveram voltar para a terra dos antepassados quando ganharam a liberdade. A culinária também ganhou novos atrativos e os nomes soam familiares.
                Tem nomes brasileiros, mas não falam português. Emanuel Vera Cruz, um senhor de 80 anos, mostra com orgulho sua árvore genealógica. "Meu tataravô veio do Brasil", diz ele.
                No Benin, há o Museu dos Souza, também sobre os retornados, como são chamados os escravos libertados que vieram para a África. E, em Gana, há a comunidade Tá Bom, em homenagem aos brasileiros.
                Essa é uma influência deixada pelo Brasil no fim do século XIX. Mas e no início do século XX? Onde o nosso país está presente na África? Nada se compara ao que acontece em Angola.
                Música, Novelas. Cultura brasileira em doses diárias. À noite, famílias angolanas param diante da TV. “Vejo todas as novelas. De Malhação até o Caminho das Índias".
              “Eu lembro perfeitamente, pequenina, assistindo às novelas brasileiras naquela época, na década de 70, como, por exemplo, Gabriela, Bem Amado”, conta a historiadora Anabela Cunha.
               Angola é um contraste. Tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano, segundo as Nações Unidas. Angola está na posição 157 de 179 nações avaliados.
                Em contra-partida, desde 2002, o crescimento econômico é incrível. Ano passado foi de 16%. Depois de 25 anos guerra civil, Angola está renascendo. Obras para todos os lados.
                Esse cenário de reconstrução em Luanda tem uma grande participação do Brasil. São 40 mil brasileiros trabalhando em Angola, nas mais diversas áreas. Estradas, ruas, prédios. Onde há uma obra, há um brasileiro.
              “Eu acho que o Eldorado do mundo hoje é Angola, Luanda. Quero ver como vai ficar isso aqui daqui a 30 anos”, projeta o empresário Mário Corrêa.
               A transformação é rápida. Há dois anos, shopping center não existia em Luanda. É administrado por brasileiros. Um sucesso. “A gente tem durante a semana um fluxo entre 10, 11 mil pessoas e, aos fins de semana, quase 30 mil pessoas”, conta Irmala Souza, gerente de marketing.
               Futebol? Não poderia faltar um brasileiro. Marinho Peres, ex-zagueiro da Seleção na Copa de 74, é o técnico do ASA, de Luanda. “É um povo muito alegre. Honestamente, é como seu eu tivesse no Brasil, no Rio de Janeiro”.
               Os brasileiros estão ajudando a mudar a paisagem, a mudar a infraestrutura da cidade e a mudar pequenos detalhes: salão de beleza lotado. Todas querem o que chamam de "cabelo brasileiro".
             “Quando eles falam de cabelo brasileiro, eles falam de cabelo liso. É o famoso cabelo bonito”, diz a gerente Hainê Marques.
               O oceano que separa Brasil e Angola parece nem existir. A distância diminuiu de tamanho. É bom saber que temos irmãos na África.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A migração perigosa dos africanos . Parte 4

Conheça a cidade de Tanger, no Marrocos, que está a apenas 14 quilômetros da Espanha e é um pólo de imigração de todo o continente africano.


          Trezentos e quarenta e dois imigrantes clandestinos chegaram nesta quinta de barco à ilha de Lampedusa, na Itália. O grupo é originário do norte da África.

           Essa migração, tantas vezes arriscada, é o assunto da reportagem desta quinta dos correspondentes da Rede Globo no continente africano, Renato Ribeiro e Edu Bernardes.
           Tanger. Como os marroquinos mesmo dizem, a cidade que fica na esquina do Atlântico com o Meditarrâneo. Por entre as ruas estreitas do centro antigo, está a ponta final de um dos grandes problemas da África.
          A Espanha está logo ali, do outro lado do Meditarrâneo, a apenas 14 quilômetros. Essa proximidade com a Europa faz de Tanger, no Marrocos, um pólo de imigração de todo o continente.
          É difícil encontrar quem queira falar, admitir que está no país para tentar a travessia. Conhecemos dois imigrantes de Guiné, país do lado ocidental da África, que teve um golpe de estado no fim do ano passado. Estão há três semanas em Tanger.
          "Qualquer um que vê um negro no Marrocos pensa que vamos para a Europa", diz Apla, de 22 anos. "Nos param na rua e falam, temos um barco, um carro, um esquema, podemos te levar para lá".
            Numa dessas ofertas, a dupla caiu num golpe e acabou perdendo o dinheiro economizado para a travessia. Normalmente, cobra-se o equivalente a R$ 2 mil para levar um imigrante ilegalmente até a Europa.
           Muitos tentam ir de carro mesmo. A 50 quilômetros de Tanger, fica Ceuta, um enclave espanhol dentro do Marrocos. Território europeu, um pequeno pedaço de terra que virou o Eldorado para muitos africanos.
           Aqui não é o único lugar. Há outras rotas. Do sul do Marrocos até as Ilhas Canárias, também território espanhol, ou do litoral da Tunísia ou da Líbia até a Itália.
           Há duas semanas, 200 pessoas morreram tentando chegar a Lampedusa, uma ilha italiana. "Sabemos que é perigoso. Conhecemos pessoas que foram presas. Antes do barco partir, na areia apareceu um helicóptero da polícia", diz outro imigrante de Guiné.
           Só no ano passado, 15 mil africanos chegaram ilegalmente à Itália e 31 mil à Espanha. O que leva a esse sacrifício tem várias razões. A primeira delas, a pobreza. Segundo as Nações Unidas, os 20 piores países para se viver no mundo são africanos.
           O continente é onde há o maior número de casos de AIDS. Em alguns países, como a África do Sul, de cada 100 pessoas, 18 tem o vírus HIV. Além da pobreza, o grande número de conflitos é o maior causador do fluxo de imigrantes.
           O Sudão é a nação-símbolo desses problemas. A religião foi a principal causa de uma guerra civil que dizimou dois milhões de pessoas.
            Muitos conflitos tiveram origem étnica. Cidadãos do mesmo país, mas de tribos de diferentes. O que provocou um dos capítulos mais dramáticos da África, o Genocídio de Ruanda, há 15 anos: 1 milhão de mortos.
            A instabilidade está ainda em muitos países, como a República Democrática do Congo. Na Somália, um país sem governo, ameaçado por piratas que atacam embarcações comerciais de outros países que passam pelo litoral somali.
            São nove milhões de refugiados na África. Entre viver num campo e arriscar uma fuga para uma nova vida, milhares ficaram e ficam com a segunda opção.
            A Europa colonizou a África até a primeira metade do século XX. Agora, vem recebendo a conta. E ela é numerosa e difícil de ser paga.

Atrações turísticas pouco exploradas na África. Parte 3

Animais como babuínos ou pinguins africanos e plantações de uva para a produção do vinho que já ganha o mercado mundial mostram que a África pode ser surpreendente aos olhos e ao paladar também.

             Nesta semana, o jornalismo da Rede Globo ganhou mais uma base de correspondentes internacionais e, na série de reportagens em que os repórteres Renato Ribeiro e Edu Bernardes apresentam o continente africano, eles revelam nesta quarta atrações que o turismo ainda não explora tanto.

             Pirâmides, safáris, paisagens exóticas. Apesar de lindos cenários, a África ainda é pouco visitada: recebe apenas 5% dos turistas do mundo.
             Em 2008, 46 milhões de pessoas vieram ao continente, oito milhões delas para o Egito. Em segundo lugar, a África do Sul, com quase sete milhões. E é neste país que o turista pode encontrar uma face desconhecida do continente.
             Estamos na Cidade do Cabo, próximo ao Cabo da Boa Esperança, que separa os oceanos Índico e Atlântico, e uma praia esconde algo raro. No caminho, até encontramos babuínos pela estrada.
             Mas quem imaginaria ver pinguins por aqui? São para lá de simpáticos. A câmera chega perto deles. Pinguins africanos, uma espécie ameaçada. São apenas 1,8 mil. No local, encontram o que gostam: verão brando, inverno rigoroso e água fria no mar.
             A 80 quilômetros da Cidade do Cabo, outra paisagem que foge ao estereótipo da África: plantações e plantações de uva. São mais de 600 vinícolas, 800 quilômetros de terras cultivadas na área de Stellenbosch, a capital do vinho. Uma história que começou há muito tempo.
             O primeiro vinho sul-africano foi produzido por um holandês, há 350 anos. Mas não era de boa qualidade. Até que no fim do século XVII, famílias francesas vieram morar na região e ensinaram a maneira adequada de se plantar a uva. Nascia uma tradição, que no século XXI, a cada ano, ganha mais força.
             A presença francesa deixou marcas. Franschoek é uma cidadezinha de 20 mil habitantes, onde tudo lembra a França: as placas em francês, a arquitetura.
             Com o fim do Apartheid, há 19 anos, as sanções comerciais abrandaram e a África do Sul passou a exportar o vinho. Hoje, o país é o nono produtor mundial e compete com Austrália e Chile no que é chamado de mercado do novo mundo.
             Não é petróleo. Mas os sul-africanos passaram a ver um líquido precioso jorrando. Junto com ele, vieram também em abundância empregos e faturamento.
             São 250 mil pessoas trabalhando nas fazendas. O vinho contribui com 10% do Produto Interno Bruto da África do Sul, a soma de tudo o que é produzido no país.
             "Temos invernos frios e chuvosos e verões secos e quentes. O que é ótimo para o solo e para evitar pragas. O clima é ótimo", explica Chris Williams, gerente de uma das principais vinícolas do país.
              O sucesso atrai turistas à região. Eles veem de perto o quanto a África pode ser surpreendente aos olhos e ao paladar também.
              Na reportagem desta quinta, nós vamos ver por que milhares de africanos arriscam a vida para entrar na Europa clandestinamente.