segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Entenda como os oceanos se formaram

Pesquisadores são categóricos ao afirmar que um novo oceano vai nascer no deserto de Afar, na Etiópia, daqui a milhões de anos.


                 Motivos não faltam para que o homem passe a respeitar os oceanos. As águas salgadas são determinantes para a vida no planeta. Não é à toa que a terra é chamada de planeta azul: 70% da superfície dela estão cobertos por água. O volume de água não é tão grande, comparado ao tamanho do nosso planeta. Mas água em estado líquido nessa quantidade nunca foi encontrada em nenhum outro lugar do sistema solar.

                 A Prainha, no Rio de Janeiro, é um paraíso de surfistas. No inverno, as ondas, que chegam a 2,5 metros de altura, estão carregadas de energia.
                “A energia das ondas deriva, basicamente, da transmissão da energia do vento. A energia das ondas deriva da atmosfera, do movimento de ar e do atrito com a camada de superfície líquida, aí você transfere energia da atmosfera para o meio líquido”, explica o diretor da Faculdade de Oceanografia da UERJ, Marcos Fernandez.
                 Na praia, elas podem arrebentar com o impacto de várias toneladas. Uma força praticamente virgem, que cientistas querem transformar em eletricidade.
                “Dependendo do jeito que você monta esse equipamento, dependendo do mecanismo, é possível ter uma geração de energia quase limpa”, afirma Fernandez.
                  É com esse poder que os oceanos dão forma aos continentes, mexem com o clima e são uma das bases que mantêm a vida na Terra. Mas nem sempre foi assim.
                  Há quatro bilhões de anos, nosso planeta era um ambiente infernal, zero água na superfície. Felizmente, o principal ingrediente da vida já estava ali, escondido nas profundezas. Quando os vulcões daqueles primórdios entraram em erupção, foram liberados bilhões de toneladas de gases, entre eles, vapor d’água. Ou seja, água em estado gasoso.
                  Esse vapor foi se acumulando em nuvens, até que a temperatura dessa atmosfera primitiva baixou de 100ºC. Começou uma tempestade de durou centenas de milhares de anos. Assim surgiram os primeiros rios e oceanos, mas isso gerou apenas metade do volume total da água que existe hoje. O restante veio do espaço.
                 Um cometa, filmado em 2005, tinha seis quilômetros de comprimento feito de rocha e gelo. Para descobrir exatamente quanta água poderia sair de dentro desse corpo celeste, cientistas americanos forçaram a colisão de um satélite com o cometa. Viram 250 milhões de litros de água serem despejados no espaço. 
                  Os estudiosos dizem que há quatro bilhões de anos, milhares de cometas, carregados de gelo, se chocaram contra o nosso planeta e assim forneceram a água que faltava aos oceanos. Com o vagoroso movimento dos continentes, muitos oceanos surgiram e muitos outros saíram do mapa.
                  O Mediterrâneo, por exemplo, vive na corda bamba: para existir depende de uma minúscula ligação com o Oceano Atlântico, o Estreito de Gibraltar. Há seis milhões de anos, a África e a Europa se juntaram e essa passagem se fechou. Em dois mil anos, toda a água do Mediterrâneo evaporou e ele virou um deserto.
                 Um estudo recente revela que o renascimento do Mediterrâneo só aconteceu depois de 700 mil anos, quando um tsunami violentíssimo no Atlântico durou dois anos e reabriu o Estreito de Gibraltar.
                 A morte de um oceano leva milhões e milhões de anos. Eventos assim são praticamente impossíveis de se testemunhar. Por isso, o que aconteceu no extremo leste da África é um marco. Pesquisadores chegam de todo o mundo para estudar uma rachadura que surgiu no deserto da Afar, na Etiópia, há menos de quatro anos. Eles afirmam categoricamente que a partir desse rasgo na Terra vai nascer um novo oceano.
                Outras fissuras cortam esta região ao longo de centenas de quilômetros. Elas formam uma fronteira entre duas placas enormes de terra que estão se separando. Em alguns milhões de anos, vai se abrir um oceano, que a nossa geração jamais conhecerá.
               “O planeta é muito dinâmico, não é uma coisa estática como a gente pensa. Não é o planeta que está parado, é a gente que vive pouco. Essa é a ideia”, esclarece Fernandez.
                  Agora, com o aquecimento global, estamos voltando a esquentar nossos mares.
                 Criaturas delicadas como águas vivas douradas e os corais do Pacífico podem estar ameaçadas. Esses seres tão frágeis sofrem com os mares cada vez mais quentes e ácidos.
                 “Nós precisamos entender que não somos os mandatários da evolução. Somos apenas uma parte dela. E para a gente sobreviver, as outras coisas têm que sobreviver também”, argumenta o professor.

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