quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sul-africanos terão quarta eleição após Apartheid . Parte 6

São 15 anos desde eleição que levou Nelson Mandela ao poder e marcou o fim do Apartheid. Hoje, negros e brancos convivem, se respeitam, mas a sombra do preconceito ainda existe.


             Na quarta-feira, os sul-africanos vão às urnas escolher os parlamentares que elegerão o próximo presidente do país. Mais de 23 milhões de eleitores estão aptos a participar da quarta eleição desde o fim do Apartheid. Os correspondentes Renato Ribeiro e Edu Bernardes mostram o que mudou nesses 15 anos.

             Pelas ruas, se misturam os dois eventos que vem mexendo com a África do Sul. A Copa das Confederações, prévia da Copa do Mundo, daqui a dois meses, e as eleições, daqui a dois dias.
             Uma olhada rápida pelos cartazes de campanha já mostra a complexidade do país. Há 11 idiomas oficiais. O inglês é o que une todas as etnias.
              São 15 anos desde eleição que levou Nelson Mandela ao poder e marcou o fim do Apartheid. Hoje, negros e brancos convivem, se respeitam, mas a sombra do preconceito ainda existe. Uma década e meia é pouco historicamente para mudar pessoas que viveram sob o regime de segregação racial.
             Negros frequentam bairros onde moram brancos, mas o contrário não acontece ainda. Basta andar pelas ruas do centro de Joanesburgo ou de Soweto, bairro símbolo da libertação dos negros.
             Até no esporte isso ainda se reflete. A entrada de um jogo de críquete, por exemplo, maioria de brancos. Já olhando para uma arquibancada em um jogo de futebol, é fácil perceber qual é a paixão dos negros.
             Aos poucos, novos comportamentos na sociedade sul-africana vão aparecendo. O que era crime há 20 anos hoje se torna o símbolo de como o país mudou.
             Eleni, de 22 anos, e Duinti, de 27, são namorados. Casal multirracial, algo ainda raro, mas não impossível de se ver.
            "O país mudou, mas não mudou tanto. Ainda há obstáculos, os olhares, as barreiras. Muitos acham normal, mas há algumas pessoas que não gostam mesmo", diz Eleni, que teve a reprovação da irmã mais velha quando disse que namorava um negro.
            "Meus pais aprovaram, mas fazem piada comigo. Ah, está com uma branca...", conta Duinti.
             Ambos nasceram nos últimos anos do Apartheid. Na infância, sequer tiveram amigos de outra cor.
             "Parece loucura pensarmos que era proibido um casal como nós. Mas nosso país era assim. Agora, somos o que nosso país é e passará a ser", conta Duinti.
             Quando os filhos desses novos casais vierem, a África do Sul terá dado mais um passo importante na democracia racial - a miscigenação.

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