sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Empresas investem contra desperdício de água . Parte 3 de 4

Com um investimento de R$ 15 milhões, uma fábrica da Ambev já reaproveita quase toda água que utiliza. Em um prédio de outra empresa do Rio, a preocupação com o consumo de água começou na construção.



           Na terceira reportagem da série que o Jornal Nacional apresenta, nesta semana, sobre a água, o repórter Paulo Renato Soares mostra empresas que investiram em tecnologia contra o desperdício.

           Em uma linha de produção, ela é essencial. Um litro de cerveja ou de refrigerante tem cerca de 90% de água. Ingrediente nobre e também indispensável para fazer funcionar a indústria de bebidas.
           A garrafa que chega da rua é lavada e esterilizada, é muita água. Mas o que você vê escorrer pelo chão, agora, não é mais desperdício.
           Tubulações, reservatórios e bombas trazem de volta quase tudo o que vai pelo ralo. Com um investimento de R$ 15 milhões, uma fábrica da Ambev já reaproveita quase toda a água que utiliza.
           Na pasteurização - processo que elimina impurezas da cerveja - a água em altas temperaturas era jogada fora depois de usada. Agora, com a instalação de tanques de resfriamento, dura até 30 dias.
           Tudo isso fez o consumo de água potável cair 22%, uma economia de 9 bilhões de litros nos últimos cinco anos. O que daria para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes por um mês.
           E a empresa bateu uma marca. Em algumas unidades, em todo processo, são gastos 3,5 litros de água para produzir um litro de cerveja. Abaixo do índice mundial, de 3,75 litros.
           Na fábrica do Rio de Janeiro, medidores digitais controlam o uso em cada etapa do processo. "Muitas vezes, algum deslize, algum problema no dia, pode comprometer a semana, um mês, então, a gente é bastante neurótico com esse tipo de controle, na verdade", afirmou Victor Genta, gerente de Meio Ambiente.
           Em um prédio de outra empresa do Rio de Janeiro, a preocupação com o consumo de água começou ainda na construção. Com alto investimento e usando a tecnologia mais recente, tudo foi pensado para diminuir o impacto do forte calor carioca. E foi essa arquitetura inteligente que abriu caminho para uma grande economia.
           A clarabóia controla a intensidade de luz dentro do edifício e os vidros da fachada receberam uma película que filtra os raios solares. Menos calor, menos uso da refrigeração e mais economia com o reaproveitamento da água da chuva.
          O teto todo funciona como a boca de um funil. Calhas e ralos especiais recolhem cada gota que cai do céu. Nem aqueles pingos dos aparelhos de ar-condicionado são desperdiçados.
           No fim de um dia, só eles representam 3 mil litros. Tubulações levam a água para uma estação de tratamento no subsolo e depois para um reservatório, com capacidade para 225 mil litros.
            É essa água que abastece as descargas no banheiro e é usada em serviços de limpeza e jardinagem. Nas torneiras, sensores para controlar o gasto.
           O investimento tornou a construção 10% mais cara do que um prédio convencional. Mas deu à Petrobras uma economia de 40% de água potável e um reconhecimento: foi o primeiro edifício do Rio de Janeiro a receber, ano passado, o selo do Conselho Norte-Americano de Prédios Verdes.
            Responsabilidade que não fica só dentro dos limites das empresas preocupadas com meio ambiente. "Eu falo para Pedro, o meu filho, que a gente que economizar água, porque senão futuramente ele e os filhos dele é que vão perder com isso. A gente tem que ter a consciência de estar economizando agora para ter depois", disse Ariane Andrade, técnica de manutenção.

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