sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Pecuária emite metade dos gases poluentes do país

O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo. São 190 milhões de cabeças de gado, e 70% abastecem o mercado interno. O restante é exportado.


           No Brasil, uma pesquisa inédita mostra que a pecuária é responsável por metade das emissões dos gases do efeito estufa no país. Pesquisadores brasileiros vão apresentar o estudo na Conferência do Clima, em Copenhague, neste final de semana.

           O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo. São 190 milhões de cabeças de gado, e 70% abastecem o mercado interno. O restante é exportado. A pecuária gera 4% do produto interno bruto nacional. Mas a um custo ambiental muito alto.
          “Num ano de grande desmatamento, a pecuária como um todo emite talvez 50% e o setor todo de energia do Brasil emite 17, 18%”, disse o pesquisador INPE, Carlos Nobre.
           Os cientistas levaram em conta a liberação do gás metano durante a digestão dos animais. Ele é 21 vezes mais nocivo do que o gás carbônico. Mas a substituição da vegetação por pastagens e a queima do solo para manutenção delas são as maiores causas das emissões de poluentes. Entre 2003 e 2008, 75% da área desmatada na Amazônia e 56% no cerrado viraram pasto.
           A solução, segundo os pesquisadores, não é parar de comer carne. Eles afirmam que é possível diminuir as emissões de gases do efeito estufa mantendo a mesma produção. Para isso seria preciso modernizar a pecuária, usando mais tecnologia, menos espaço e até diversificando a alimentação do gado.
         “Alguns óleos vegetais podem reduzir drasticamente as emissões de metano pelos animais. Existem também alguns antibióticos que são seletivos às bactérias do rumen que produzem metano”, disse o pesquisador da Embrapa, Luís Gustavo Barioni.
           Os cientistas são unânimes em afirmar que se o Brasil quiser atingir a meta de redução de 36% na emissão de gases até 2020, os investimentos nesse setor são inevitáveis.
          “Vai ter que mudar muita coisa, mas isso vai ser bom pra economia. E esses investimentos terão como retorno a mitigação da emissão, aumento de emprego e aumento da produtividade”, acredita Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário